sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Tailândia tenta combater condições degradantes do tráfico humano

Membros da etnia rohingya são mantidos em campos como reféns.
Após resgate, eles são deportados, e acabam voltando para os traficantes.


A polícia tailandesa anunciou nesta semana uma nova campanha contra o tráfico de pessoas, apesar de as autoridades afirmarem que as centenas de pessoas da etnia rohingya resgatadas recentemente podem voltar aos campos dos traficantes dos quais escaparam.
Após duas operações que libertaram um total de 636 pessoas, a maior parte delas rohingya, a polícia, a polícia diz que planeja agora focar seus esforços nos traficantes que rotineiramente permitem a entrada de clandestinos na fronteira entre a Tailândia e a Malásia.
Os rohingya são em grande parte muçulmanos sem terra do oeste do Mianmar, onde confrontos mortais com a etinia rakhine em 2012 causaram quase 200 mortes e deixaram mais de 140 mil sem casa.
Akram, de 18 anos, é visto em mesquita da Tailândia. Ele ficou três meses praticamente imóvel em campo mantido por traficantes de pessoas (Foto: Damir Sagolj/Reuters)Akram, de 18 anos, é visto em mesquita da Tailândia. Ele ficou três meses praticamente imóvel em campo mantido por traficantes de pessoas (Foto: Damir Sagolj/Reuters)
Após chegarem à Tailândia de barco, a maior parte deles é mantida refém em campos isolados perto da fronteira com a Malásia, até que seus parentes paguem a quantia exigida para que eles sejam libertados. Muitos são espancados e mortos.
As pessoas que foram libertadas dos campos permaneceram detidas pela polícia e serão deportadas. A medida, entretanto, faz com que muitos voltem às mãos dos traficantes, em uma nova tentativa de entrar na Tailândia.
Campos
Os campos mantidos pelos traficantes possuem condições degradantes. Neles, os rohingya são confinados sem acesso a trabalho, escola e saúde.

Akram, de 18 anos, foi uma das pessoas resgatadas nas últimas operações.
Ele deixou Mianmar há 16 meses e seguiu de barco rumo à Malásia. No caminho, foi preso na Tailândia e passou 10 meses em um centro de imigração, até ser colocado em um barco pelas autoridades – supostamente de volta a Mianmar.
Entretanto, o barco voltou para a Tailândia, onde ele e outas dezenas de pessoas foram presas em um campo de traficantes perto da fronteira com a Malásia.
No local, ele foi forçado a se manter agachado durante o dia e dormir em posição fetal. Qualquer um que tentasse se levantar ou esticar os braços e pernas era espancado pelos guardas.
Akram contou que era alimentado com mingau de arroz duas vezes por dia. Com a alimentação deficiente e enfraquecido por uma diarreia crônica, logo o jovem não conseguia mais se mexer. “As pessoas acharam que eu ia morrer. Pessoas morriam lá todos os dias”, contou.
No fim de janeiro, após três meses no campo, os rumores de que a polícia iria até o local fizeram os guardas e responsáveis do campo fugirem com os presos que tinham condições de se mover. Akram e outras 24 pessoas foram deixadas no local, por estarem muito fracas. A polícia nunca chegou, mas eles foram encontrados por muçulmanos locais e levados para uma mesquita para se recuperarem.
Akran ainda não consegue andar, e seu corpo está coberto de feridas devido aos meses em que teve que se manter praticamente imóvel.

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