segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Conflitos familiares e tráfico de pessoas estão entre os motivos de desaparecimentos

Causas são diversas e variam conforme a faixa etária; aliciamento virtual também preocupa

Vera Ranu, fundadora da ONG Mães em LutaDaia Oliver/R7
Os motivos que levam alguém a desaparecer são diversos e variam conforme a faixa etária. De acordo com a titular da Delegacia de Investigação sobre Pessoas Desaparecidas, vinculada ao DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), Maria Helena do Nascimento, no caso de adolescentes, muitos se rebelam diante de uma educação mais rigorosa.
— A menina quer dançar, sair à noite e a mãe e o pai não deixam. [Ela quer] sair com as amigas, quer viajar. Já tive adolescente que disse isso, que a família era quadrada. Mas nem sempre o motivo é rebeldia. Muitas vezes é por questão de maus-tratos. Na violência doméstica, há vários casos de estupro.
Já quando crianças desaparecem é mais difícil definir a causa, segundo ela.
— Já houve casos de a criança dizer que desapareceu porque era maltratada. Mas há uma grande quantidade que desaparece e nunca sabemos o porquê. Ela estava brincando na frente da casa ou se perdeu na multidão, em shoppings, em locais de grande fluxo de pessoas. Não se chega a uma conclusão de como foi levada.
O risco de tráfico humano também é mencionado pela delegada.

— Talvez tenha havido tráfico de crianças, pois sabemos que tem. Talvez seja tráfico nacional, e ela esteja até no Brasil, morando com outra família, com outro nome. Possivelmente, algumas delas tiveram sua identidade trocada e moram com outras famílias. Eu deixo o alerta: quem olhar a foto da criança no site da Polícia Civil, na rede de televisão e reconhecer, que denuncie. Pode ser denúncia anônima.

A ONG (organização não governamental) Mães em Luta, que trabalha com o tema, aponta, entre os motivos de desaparecimento, a exploração sexual, as adoções ilegais, o tráfico de drogas, o serviço escravo e, sobretudo, os conflitos familiares.

Diretora do DHPP, Elisabete Sato destaca que não são raras as situações em que pessoas saem de casa espontaneamente, porque querem cortar o vínculo familiar.

— Há uns casos, por exemplo, de adultos, pessoas acima de 60 anos, que cansaram da convivência familiar, dos filhos que estão brigando por dinheiro, por herança. E temos um outro fator bem relevante que é o aspecto dos adultos que desenvolvem, depois de uma certa idade, algum problema neurológico, como por exemplo, mal de Alzheimer. Elas saem de casa e depois não sabem voltar. Acontece muito e nós temos orientado que a família, ao detectar o problema, coloque uma pulseirinha com o nome da pessoa e o telefone de contato, porque se tornam crianças de novo.

Ameaça virtual

O aliciamento pela internet também está relacionado ao desaparecimento de crianças e adolescentes. A delegada Elisabete Sato faz um alerta aos pais.

— Com o avanço tecnológico, com a possibilidade da inclusão digital em todas as camadas sociais, temos um número muito grande de crianças e adolescentes que se comunicam na internet. E aqueles que eu denomino predadores se mistificam. Um adulto de 40 anos se passa por um garoto de 13 anos, ou seja, mais ou menos da mesma idade daquela menina.

Maria Helena completa, lembrando que há ainda casos de adolescentes de “14, 15, 16 anos que conhecem um adulto pela internet e vão embora para outro Estado”.



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