segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Análise: Em países da Ásia, 25% dos homens dizem já ter violentado uma mulher

Quando quatro homens indianos foram condenados pelo estupro coletivo e assassinato de uma jovem, os promotores solicitaram a pena de morte, insistindo em que "o homem comum perderá a fé no Judiciário se a pena mais severa não for imposta".
É irônico, portanto, que seja o homem comum, na Índia e outras partes, que cometa crimes tão horrendos.
Um estudo da ONU sobre o uso da violência por 10 mil homens da região Ásia-Pacífico, desta semana, revela até que ponto os estupros são comuns em Bangladesh, Camboja, China, Indonésia, Papua Nova Guiné e Sri Lanka.
A maior revelação é o quanto a violência sexual é frequente: 25% dos homens admitem ter estuprado uma parceira ou desconhecida em algum momento de suas vidas, e 4% admitem ter participado de estupros coletivos.
Algumas das constatações do estudo surpreendem menos: o senso de que um homem tem direito a sexo propele a maioria dos estupros, mas o segundo motivo mais comum alegado é "por diversão" ou "por tédio".
A despeito dos avanços nas leis que criminalizam a violência contra a mulher, na região Ásia-Pacífico a maioria dos homens escapa impune ao praticar esses crimes.
Mais de dois terços dos que admitem estupros dizem não terem tido punição, ainda que alguns mencionem sentimentos de culpa.
O estudo constatou que entre aqueles que estupram há maior incidência de homens que sofreram ou testemunharam abusos, incluindo bullying homofóbico, quando crianças ou jovens.
Há uma longa e complicada cadeia que encoraja esse horrendo comportamento, e cada elo merece atenção.
A violência sexual existe em todos os quadrantes da sociedade, com causas e consequências muito mais complexas do que qualquer outra questão que estejamos enfrentando.
A solução não se resume a leis mais severas, ou mais conversas com nossos filhos, ou mais abrigos.
Envolve todas essas coisas e mais e por prazo muito longo. Por mais sombrio que seja o panorama, precisamos enfrentá-lo.
Folha de São Paulo. 14.09. Tradução de PAULO MIGLIACCI. JESSICA MACK. DO "GUARDIAN"

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