Os avanços obtidos aqui nos últimos anos no combate à criminalidade e à ação do narcotráfico, com queda significativa nos índices de crimes mais graves como os homicídios, não são a única diferença entre São Paulo e Rio da Janeiro, às voltas ambos com uma situação particularmente difícil na área de segurança pública. Aqui também - e isso é importante - os bandidos não conseguiram impor seu domínio em determinadas áreas da cidade, como acontece no Rio. Ao menos até agora. Mas infelizmente os riscos de que a capital paulista venha a enfrentar problema semelhante ao do Rio são cada vez maiores.
Os confrontos recentes entre moradores de algumas favelas da capital - insuflados por traficantes - e a polícia, por causa da prisão de bandidos a eles ligados, constituem sinais que as autoridades paulistas cometeriam um grave erro se desconhecessem ou menosprezassem. Foi por não agir com a presteza e a energia necessárias, anos atrás, que sucessivos governos fluminenses foram perdendo o controle sobre vastas áreas da segunda maior cidade do País.
Tão ou mais graves do que esses enfrentamentos, até agora esporádicos, são casos como o do chamado "drive-thru" das drogas existente na Avenida Jornalista Roberto Marinho, no Campo Belo. Que os traficantes tentem instalar pontos de venda de drogas, para que os usuários de renda média e alta possam fazer suas compras rapidamente, sem precisar sair do carro, evitando se expor, não causa surpresa. Faz parte da lógica de seus "negócios" buscar sempre facilidades para aumentar os lucros. O que espanta e preocupa, no caso, é a incapacidade demonstrada pelas autoridades de acabar com esse "drive-thru", situação que, a persistir, logo fará surgir vários outros. Por que não, se o modelo está dando certo?
A venda de crack, cocaína e maconha nesse ponto - feita até por crianças - foi denunciada pela primeira vez em reportagem do Jornal da Tarde (JT), em abril de 2006. O mesmo foi feito em maio e junho deste ano. Como a ação da polícia não produziu ainda nenhum efeito duradouro, pode-se dizer, como faz a mais recente reportagem do JT, que a única mudança significativa, nesses três anos de funcionamento do "drive-thru", foi a destruição, dias atrás, da iluminação pública no local, com o objetivo de facilitar o "trabalho" dos traficantes, pois seus clientes - que vão desde os jovens de classe média alta que frequentam os bares e casas noturnas de Moema e Itaim Bibi até os viciados em crack - se sentem protegidos pela escuridão. Aliás, esse é um expediente já bem conhecido, usado por muitos outros bandidos em vários locais da cidade.
Tanto a polícia como as autoridades municipais da Subprefeitura de Santo Amaro alegam ser muito difícil combater o tráfico de drogas naquela região, na qual existem 32 núcleos de favelas, porque se trata de um problema social que exige ação conjugada de vários setores. Segundo o capitão Róbson Cabanas Duque, da Força Tática do 12º Batalhão da PM, a polícia está "enxugando o chão com a torneira aberta. Não adianta prendermos os traficantes (um flagrante de tráfico de drogas a cada quatro dias), se os outros setores não fazem a sua parte".
Os especialistas na questão concordam que políticas sociais - que dependem, nesse caso, principalmente da Prefeitura, mas também do governo do Estado - têm de ser conjugadas com a ação policial. É preciso lembrar, a propósito, que essas políticas, sem dúvida indispensáveis, só produzem efeito a médio e longo prazos. No curto prazo, a polícia desempenha, portanto, um papel decisivo no combate ao tráfico.
Para levar a bom termo essa tarefa, o importante não é tanto o número elevado de prisões de personagens subalternos, mas chegar aos líderes do tráfico naquela região, o que depende de um bom serviço de informação. Dois outros pontos essenciais são ter presença permanente em pontos críticos como esse e manter boa relação com a comunidade, evitando excessos que são explorados pelos traficantes. Se a PM investir nesses pontos, certamente deixará de "enxugar o chão com a torneira aberta".
Os confrontos recentes entre moradores de algumas favelas da capital - insuflados por traficantes - e a polícia, por causa da prisão de bandidos a eles ligados, constituem sinais que as autoridades paulistas cometeriam um grave erro se desconhecessem ou menosprezassem. Foi por não agir com a presteza e a energia necessárias, anos atrás, que sucessivos governos fluminenses foram perdendo o controle sobre vastas áreas da segunda maior cidade do País.
Tão ou mais graves do que esses enfrentamentos, até agora esporádicos, são casos como o do chamado "drive-thru" das drogas existente na Avenida Jornalista Roberto Marinho, no Campo Belo. Que os traficantes tentem instalar pontos de venda de drogas, para que os usuários de renda média e alta possam fazer suas compras rapidamente, sem precisar sair do carro, evitando se expor, não causa surpresa. Faz parte da lógica de seus "negócios" buscar sempre facilidades para aumentar os lucros. O que espanta e preocupa, no caso, é a incapacidade demonstrada pelas autoridades de acabar com esse "drive-thru", situação que, a persistir, logo fará surgir vários outros. Por que não, se o modelo está dando certo?
A venda de crack, cocaína e maconha nesse ponto - feita até por crianças - foi denunciada pela primeira vez em reportagem do Jornal da Tarde (JT), em abril de 2006. O mesmo foi feito em maio e junho deste ano. Como a ação da polícia não produziu ainda nenhum efeito duradouro, pode-se dizer, como faz a mais recente reportagem do JT, que a única mudança significativa, nesses três anos de funcionamento do "drive-thru", foi a destruição, dias atrás, da iluminação pública no local, com o objetivo de facilitar o "trabalho" dos traficantes, pois seus clientes - que vão desde os jovens de classe média alta que frequentam os bares e casas noturnas de Moema e Itaim Bibi até os viciados em crack - se sentem protegidos pela escuridão. Aliás, esse é um expediente já bem conhecido, usado por muitos outros bandidos em vários locais da cidade.
Tanto a polícia como as autoridades municipais da Subprefeitura de Santo Amaro alegam ser muito difícil combater o tráfico de drogas naquela região, na qual existem 32 núcleos de favelas, porque se trata de um problema social que exige ação conjugada de vários setores. Segundo o capitão Róbson Cabanas Duque, da Força Tática do 12º Batalhão da PM, a polícia está "enxugando o chão com a torneira aberta. Não adianta prendermos os traficantes (um flagrante de tráfico de drogas a cada quatro dias), se os outros setores não fazem a sua parte".
Os especialistas na questão concordam que políticas sociais - que dependem, nesse caso, principalmente da Prefeitura, mas também do governo do Estado - têm de ser conjugadas com a ação policial. É preciso lembrar, a propósito, que essas políticas, sem dúvida indispensáveis, só produzem efeito a médio e longo prazos. No curto prazo, a polícia desempenha, portanto, um papel decisivo no combate ao tráfico.
Para levar a bom termo essa tarefa, o importante não é tanto o número elevado de prisões de personagens subalternos, mas chegar aos líderes do tráfico naquela região, o que depende de um bom serviço de informação. Dois outros pontos essenciais são ter presença permanente em pontos críticos como esse e manter boa relação com a comunidade, evitando excessos que são explorados pelos traficantes. Se a PM investir nesses pontos, certamente deixará de "enxugar o chão com a torneira aberta".
Estadão.
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