A Igreja católica, atenta aos clamores da humanidade, escutou o grito de milhões de seres humanos que são vítimas do tráfico humano, tráfico de órgãos do corpo e vítimas de trabalho escravo. Contra esta realidade que acontece aqui e lá fora, a Igreja levanta sua voz e conclama a sociedade para tomar consciência da realidade e assumir posturas contrárias a este flagelo da humanidade.
A Campanha da Fraternidade no ano de 2014, na sua 51ª edição, tem como tema: O objetivo é “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos e pessoas de boa vontade para erradicar este mal com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”.
Através deste objetivo, alcançar ações concretas como:- Identificar as causas e modalidades do tráfico humano e os rostos sofridos por esta exploração; – Celebrar o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, sensibilizando para a solidariedade e o cuidado às vitimas dessas práticas; – Suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que conduza ao empenho transformador desta realidade aviltante da pessoa humana;- Denunciar as estruturas e situações causadoras do tráfico humano;- Promover ações de prevenção e de resgate da cidadania dos atingidos;- Reivindicar, aos poderes públicos, políticas e meios para a reinserção das pessoas atingidas pelo tráfico humano na vida familiar, eclesial e social.
“O cartaz da Campanha da Fraternidade quer refletir a crueldade do tráfico humano. As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e de sua gente. Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade e os direitos do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. A sombra na parte superior do cartaz expressa as violações do tráfico humano, que ferem a fraternidade e a solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade. As correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida das pessoas dominadas por esse crime e apontam para a esperança de libertação do tráfico humano. Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos. ‘É para a liberdade que Cristo nos libertou’ (Gl 5,
1), especialmente os que sofrem com injustiças, como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas pelas mãos na parte inferior.
“A maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de grande vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se dessa condição, que facilita o aliciamento com enganosas promessas de vida mais digna. Uma vez nas mãos dos traficantes, mulheres, homens e crianças, adolescentes e jovens são explorados em atividades contra a própria vontade e por meios violentos” (Fonte: CF 2014). Segundo a revista Época (n. 770), “Um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime estima que de 800 mil a 2,4 milhões de pessoas vivem traficadas hoje no mundo – um negócio ilegal que movimenta pelo menos 32 bilhões de dólares por ano. No Brasil, o cenário é parecido. A Polícia Federal abriu, entre 2005 e 2011, 514 inquéritos sobre tráfico de pessoas. A maior parte foi aliciada para trabalho escravo e exploração sexual” p. 44-46)
A defesa da promoção da dignidade da pessoa humana é nosso dever. Em todas as circunstâncias da história os homens e as mulheres são responsáveis pelo respeito e pela dignidade da pessoa humana.
(*) D. Juventino Kestering é bispo diocesano
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