CRÓNICAS DA CADEIA Autores: Vítor Ilharco (texto), Fernando Jorge (ilustrações) | |
Local de Edição: CoimbraEditor: Coimbra EditoraISBN 978-972-32-2214-2Editado em: Janeiro - 2014208 págs. A Coimbra Editora solidarizou-se com a APAR - Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso, promovendo a publicação desta obra, onde se reuniram crónicas de Vitor Ilharco, ilustradas por Fernando Jorge. A receita líquida da venda de “Crónicas da Cadeia” reverte integralmente para a APAR. Sempre que um cidadão é apanhado pela Justiça cometendo um acto transgressor e grave das normas estabelecidas numa determinada sociedade, vai para a prisão. Enfim, mais ou menos… Dela, cada um de nós, desenha a ideia de uma casa onde o Estado põe o dito cidadão a marinar até que este esteja “preparado para ser reinserido” na dita. “A ver se se emenda, senhor fulano…” Nada mais falso! Ainda que dito muitas vezes até pareça verdade, facto é que ninguém sai melhor do que entrou na prisão! Mas não é sobre isso que aqui venho. Até porque em Portugal não há prisões, outrossim, há estabelecimentos prisionais, o que desde logo, marca toda a diferença… Certo é que os que por lá passam não são os que violaram a Lei, mas apenas os que foram apanhados nas malhas desta. Como todos sabemos, dependendo do dia, do combustível disponível na esquadra, do despacho e de outros imponderáveis que agora não vêm ao caso. Até porque malhas, há-as para todos os feitios. Limpinho como água é que de prisões, os legisladores, que lhes outorgam definições, nada sabem, os governantes, que lhes impõem regras de funcionamento, nunca viram, e os outros, presos, guardas, técnicos e funcionários, desenrascam-se, cada um a seu modo e de modo a que “passe depressa”. Lá dentro, garantidamente e apenas, Gente como nós. E portanto, Gente que pensa, que ri, que chora e que sente e vive à medida que o tempo e o modo ditados permitem. O que o leitor aqui vai ler e encontrar, salvaguardados os caricatos, são factos ou ditos de quem sobrevive à vida e ao modo que cada um escolheu ou teve em sorte. Mas de novo e apenas, Gente como nós. Todos peroramos teoria sobre a forma como deveria ser a prisão. Mas lá, nesse outro universo onde todos se amontoam de razões a marinar, a vida, apesar de diferente, estranha e até contra natura, é apenas e ainda assim, apenas vivida por seres humanos. Técnicos, guardas e presos. É disso que bastas vezes nos esquecemos. Na prisão, mora apenas Gente. In prefácio Hernâni Carvalho |
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
CRÓNICAS DA CADEIA
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