Após quase sete anos, a faxineira Alcionei Barbosa, 57, conseguiu tirar o filho Liferson, 26, do manicômio judiciário de Florianópolis. Ele foi absolvido pelo Tribunal do Júri da acusação de assassinato que lhe valeu a internação como louco.
Os jurados inocentaram Liferson depois que vários erros processuais o mantiveram por seis anos e quatro meses no manicômio, esperando pelo julgamento. A sentença já foi publicada no site do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. A promotoria tem até terça-feira (2) para recorrer.
Sem condições de dar entrevistas, Liferson é mantido isolado pela família. Alcionei, faxineira terceirizada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), disse que o filho "é um inocente que só ficou tanto tempo preso porque sou pobre e não tinha como pagar advogado".
Liferson foi acusado de matar Ciro Carvalho, 22, durante a cobrança de uma dívida de R$ 240 pela venda de dois relógios, no morro da Macumba. A polícia usou contra ele apenas depoimentos de criminosos protegidos pela lei de proteção às testemunhas.
Depois de um ano e meio no presídio do bairro da Trindade aguardando julgamento, Liferson foi diagnosticado com um "transtorno psiquiátrico paranoide", segundo laudo médico incluído no processo. Na ocasião, os demais presos acharam que ele estava fingindo e o espancaram. Então ele foi internado no manicômio.
Segundo o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, "lá ele foi dopado e nunca mais conseguiu se recuperar". "Imagine ser acusado de um crime que não cometeu e internado num hospício, qualquer um iria pirar."
Segundo laudo dos psiquiatras forenses, Liferson adquiriu esquizofrenia depois de internado. O caso ficou parado no Judiciário.
Seis anos se passaram. Em outubro de 2012, Alcionei contou a história do filho para o professor de enfermagem Jorge Lorenzetti, durante faxina na copa da faculdade: "Ele foi visitar meu filho no manicômio e contratou o advogado [Gastão da Rosa Filho] sem que eu lhe pedisse nada".
Lorenzetti é notável por ser o churrasqueiro preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e réu no processo do "dossiê dos aloprados".
A promotoria não quis falar sobre o caso. A juíza Mônica Paulo não quis comentar a decisão dos jurados. A polícia retomou investigações para esclarecer o assassinato de Ciro Carvalho. O advogado Gastão Rosa disse que seu cliente vai pedir uma indenização, que ainda não foi calculada, ao Estado.
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Fonte: Renan Antunes de Oliveira - Site UOL |
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Tribunal de SC inocenta homem internado em manicômio após quase 7 anos preso
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