Thaís de Camargo Rodrigues, mestre em direito penal, reflete o assunto em publicação
O tráfico internacional de pessoas ganhou repercussão no ano passado, por ter sido um dos temas abordados pela última novela das 21h da Rede Globo, "Salve Jorge". Porém, o assunto era uma preocupação das autoridades muito antes de entrar no foco da mídia. Para esclarecer o tema e sua cruel realidade, a autora e professora Thaís de Camargo Rodrigues, mestre em Direito Penal pela faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e especialista em Direto Penal e Processual pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, lançou no último dia 18 o livro "Tráfico Internacional de Pessoas Para Exploração Sexual" (Editora Saraiva, 208 páginas, R$ 52).
Livro apresenta o panorama internacional do tráfico de pessoas, sua evolução histórica, além de análises sobre o assunto
Divulgação
Em entrevista ao LIBERAL na última semana, Thaís falou sobre a produção de seu primeiro livro, que levou três anos para ser escrito.
A obra surgiu de sua dissertação de mestrado, porém pode ser entendida tanto por especialistas quanto pelo público leigo. Ela apresenta o panorama internacional do crime, sua evolução histórica, além de análises sobre o assunto. "A dissertação já tinha sido escrita numa linguagem simples e acessível, pensada justamente para o público geral. São tratadas questões técnicas, de direito penal, mas também há depoimentos de vítimas, números e histórico do tema, além de indicação de filmes, documentários e livros. O que fiz para a versão em livro foi atualizar dados e legislação", explica Thaís.
Início
A autora focou seu interesse no assunto a partir de 2009, quando ele passou a ser discutido nas aulas do mestrado. "Percebi que o tema era pouco abordado e muito grave. Fiquei sensibilizada", lembra. A partir disso, Thaís teve acesso a depoimentos escritos e vídeos de vítimas destes crimes. "Algumas já haviam morrido, outras estavam no programa de proteção à testemunha. Todos os personagens chamam muito a atenção pela gravidade de suas histórias. Eu selecionei quatro deles e os descrevo no livro", conta a autora.
O livro traz também um detalhado estudo do artigo 231 do Código Penal Brasileiro, concluindo que o dispositivo se mostra falho em sua essência. "Acredito que apenas um trabalho em rede, envolvendo governo e sociedade civil, com foco na prevenção do delito, punição dos criminosos e proteção e acolhimento da vítima, conseguiriam resolver este problema. Não há uma solução simplista, pois o fenômeno é muito complexo. Há necessidade de levar informação às prováveis vítimas, dar outra opção de vida a elas, atualizar e sistematizar a legislação penal sobre o tema, criar casas-abrigo para as vítimas e dar formação às pessoas para não serem novas vítimas", observa Thaís.
A autora afirma que continuará sua pesquisa na área de exploração de vulneráveis e direitos humanos. "Mas não tenho previsão de uma próxima publicação. Será um estudo de alguns anos", finaliza.
LIBERAL.
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