WASHINGTON — O número de crimes, como assassinatos, violações, roubos de veículos e assaltos a residências, caiu drasticamente nos Estados Unidos; em alguns casos, em percentuais de até dois dígitos, nos primeiros seis meses de 2009, em relación ao mesmo período de 2008, segundo informe preliminar do FBI.
A queda da criminalidad foi maior nas cidades do que nas áreas rurais, com uma redução de 7% nas zonas urbanas com população de um milhão ou mais de habitantes e de 3,8% nos condados não metropolitanos.
Grandes cidades como Chicago, Nova York e Los Angeles registraram menos assassinatos na primeira metade de 2009 em relação a 2008. E Washington, antes conhecida como a capital nacional do crime, viu cair essa cifra ao nível mais baixo em 40 anos, com o registro de 143 mortes violentas.
"Um dos fatores que contribui para isso é o envelhecimento da população", disse James Fox, professor de justiça criminal da Northeastern University de Boston.
"O segmento que mais cresce é o de pessoas com mais de 50. A geração do 'baby-boom' por certo não está inclinada à violência", disse Fox em referência aos nascidos entre 1948 e 1962.
No total, 94 milhões de americanos - cerca de um terço da população - tem mais de 50 anos, segundo dados do Escritório de Censos.
Já o aumento do crime que muitos acreditavam acompanhar a atual crise da economia americana nunca aconteceu, o que não surpreende Fox.
"Quando as pessoas perdem seus empregos, não decidem cometer roubos armados para chegar ao final do mês", assinalou Fox. "Poderiam cometer delitos como desvio de dinheiro, fraude ou falsificação de cheques".
Segundo Richard Rosenfeld, professor de criminologia da Universidade de Missouri, "as altas taxas de desemprego significam que as pessoas estão mais inclinadas a ficar em casa, e os assaltantes tendem a evitar as casas ocupadas".
"O período de grandes dificultades econômicas nos Estados Unidos na década de 1970 coincidiu com a expansão do mercado da heroína. Na de 1980, o declive econômico coincidiu com a expansão do mercado de cocaína", observou Rosenfeld. "Mas agora não estamos vendo nada assim".
Soma-se a isto o "efeito Obama", afirmou.
"A eleição de Barack Obama foi histórica e muito significativa para os afro-americanos; são justamente os jovens afro-americanos que estão desproporcionalmente envolvidos nos delitos graves, como vítimas ou agressores", disse Rosenfeld.
"É, também, sem dúvida possível que a mensagem de mudança e esperança de Obama tenha afetado esse segmento da população, servindo para prevenir ligeiramente o crime. Mas isto é especulação e precisa de uma investigação mais ampla, o que muitos de nós está fazendo", disse ele à AFP.
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