O desemprego mundial, agravado pela crise, disparou em 2009 e atingiu cerca de 212 milhões de pessoas no ano, aponta relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o documento, ocorreu um aumento de 34 milhões de trabalhadores, se comparados com os números de 2007, quando teve início a crise. Isso significa que, entre 2007 e 2009, o índice de desemprego progrediu 0,9 ponto percentual. Por isso, a OIT pede aos países que tomem medidas que favoreçam a criação de empregos.
Com base em estimativas econômicas do FMI, a OIT estima que o desemprego irá se manter num nível alto ao longo de 2010. Nos países desenvolvidos e na União Européia espera-se que outras 3 milhões de pessoas fiquem sem trabalho neste ano. Em outras regiões, espera-se que o nível atual se estabilize ou diminua levemente.
O relatório também assinala que o número de jovens desempregados no mundo aumentou em 10,2 milhões em 2009, o maior aumento registrado desde 1991. Ao mesmo tempo, o relatório mostra grandes variações em nível regional e por país tanto em termos do impacto da crise como da recuperação do mercado laboral.
O estudo destaca que as medidas de estímulo coordenadas conseguiram evitar uma catástrofe social e econômica muito maior. No entanto, milhões de pessoas ao redor do mundo ainda não têm trabalho, benefícios de desemprego ou acesso a qualquer outro tipo de proteção social.
“No momento em que o Foro Econômico Mundial se reúne em Davos, fica claro que a prioridade política hoje em dia é evitar uma recuperação sem trabalho”, disse o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. “Precisamos aplicar a mesma decisão política que em seu momento salvou aos bancos para salvar e criar postos de trabalho e ajudar as pessoas. Isto pode ser conseguido através da forte convergência entre as políticas públicas e o investimento privado”.
Somavia acrescentrou que “com 45 milhões de mulheres e homens jovens ingressando anualmente no mercado de trabalho em nível mundial as medidas de recuperação devem apontar para a criação de empregos para os jovens”.
De acordo com a OIT, estima-se que o percentual de trabalhadores com empregos vulneráveis (a soma de trabalhadores por conta própria e trabalhadores familiares) em nível internacional supera a 1,5 bilhão de pessoas, o que equivale a mais da metade (50,6%) da força de trabalho global. Estima-se que o número de pessoas com empregos vulneráveis aumentou em mais de 110 milhões em 2009, comparado com o ano anterior.
O relatório da OIT assinala, ainda, que 633 milhões de trabalhadores e suas famílias viviam com menos de US$ 1,25 por dia em 2008, e outros 215 milhões de trabalhadores estavam em risco de cair na pobreza em 2009. O documento ainda adverte para a necessidade de estabelecer de maneira urgente uma ampla cobertura de esquemas de proteção social básicos para proteger os pobres dos efeitos devastadores causados pelas fortes flutações da atividade econômica.
No Brasil
Antes do início da crise econômica, em setembro de 2008, o crescimento econômico do Brasil foi robusto, com média de 4,4% anual em termos reais durante o período 2004-2007 e de 6,4 % de crescimento acumulado nos três primeiros trimestres de 2008. Além disso, houve uma recuperação importante dos níveis salariais e uma expansão do emprego, particularmente do emprego formal.
O desemprego caiu de 9% em 2004 para 7,7% em 2008. O percentual de trabalhadores que contribuem para o sistema de seguridade social ultrapassou os 50 % em 2007, atingindo 52,1% em 2008.
No entanto, o início da crise internacional em setembro de 2008 interrompeu o crescimento econômico e teve um impacto imediato e nítido sobre o emprego. O crescimento do PIB do quarto trimestre de 2008, em relação ao mesmo período do ano anterior, reduziu-se para 1,3% (o que implicou uma redução de 3,4% em relação ao trimestre anterior, ajustado sazonalmente) e houve uma perda líquida de 634 mil empregos formais no primeiro trimestre, em comparação com um ganho líquido de 10.400 empregos formais no quarto trimestre de 2007. Como resultado da recessão, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas pesquisadas na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) aumentou de 7,3% no quarto trimestre de 2008 para 8,6% no primeiro e segundo trimestres de 2009.
No terceiro trimestre de 2009, no entanto, o crescimento econômico foi retomado e a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas (para os quais existem dados disponíveis) voltou aos níveis pré-crise (7,9% no terceiro trimestre de 2009) em comparação com 7,8% no terceiro trimestre de 2008). Além disso, registros da criação de empregos formais mostram que houve crescimento do emprego líquido desde fevereiro de 2009 e abril de 2009 no setor industrial, que foi o setor mais duramente atingido pela recessão.
Entre janeiro e outubro de 2009, 1,2 milhão de empregos formais foram criados, o que representa um ganho de 3,6% sobre o estoque de emprego de 2008. Além disso, os dados do emprego doméstico, com base no levantamento do PME de seis principais áreas metropolitanas, também demonstra um crescimento positivo do emprego, e em outubro de 2009 a taxa de desemprego de 7,5% foi equivalente à taxa de outubro de 2008.
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Revista Consultor Jurídico, 26 de janeiro de 2010
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