“Marcelo é um funcionário aplicado e integrado ao gabinete”, elogia o ministro Gilmar Mendes à coluna Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Ele se referia a Marcelo Guedes, um dos cinco ex-presidiários que trabalham em seu gabinete. Condenado em 2007 a oito anos de prisão por tráfico de drogas, Marcelo ficou preso por um ano na Papuda, em Brasília, de onde saiu por um Habeas Corpus. Inscreveu-se então num programa que oferece trabalho no STF a pessoas que cumprem pena em regime aberto ou semiaberto.
Junto com ele trabalham Wellington Almeida, Valdir de Oliveira e Robson William, conforme relata a coluna na edição do último domingo (28/12). O primeiro foi condenado a 11 anos depois de matar uma pessoa em 2011. Ele já cumpriu um sexto da pena e hoje está no semiaberto, por isso volta todos os dias para dormir no CPP, o Centro de Progressão Penitenciária de Brasília. O segundo, ex-policial, matou uma pessoa em 2002 e foi condenado a 12 anos. Ele já está no regime aberto. Já Robson foi condenado por assalto e trabalha no STF há um ano. Todos recebem R$ 1.200 mensais.
"O ministro Gilmar Mendes [foto] aceita traficante, homicida, assaltante. Ele não tem preconceito", diz Robson. O ministro diz que nem sequer pergunta aos coordenadores do programa o crime que eles cometeram. "Eu não poderia entrar nessa discussão sob pena de projetar preconceito e de negar chance às pessoas, comprometendo o próprio intento do programa", diz o magistrado, que lançou a iniciativa em 2008, quando presidia o Supremo.
"Quando aparece alguém querendo ajudar, como aqui no STF, você até eleva a cabeça. Eu agora quero estudar. Para bater no peito e dizer 'eu posso!'", afirma Robson,que faz planos para atuar como advogado de defesa, na área criminal.
Carlos Eduardo Estevam já terminou há dois anos de cumprir pena por tráfico de drogas. Ganhou emprego fixo: integra a equipe de secretários do gabinete de Gilmar Mendes.
Revista Consultor Jurídico, 29 de dezembro de 2014.
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