Campanha de desarmamento ajudou a reduzir homicídios, segundo o governo federal; nova estratégia deve ficar pronta no ano que vem
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da PrimaPagina
Ter uma arma não é sinônimo de segurança. Pelo contrário, a pessoa que porta uma se torna ainda mais vulnerável à violência. A afirmação de Claudio Bento, coordenador do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), coloca ainda mais em destaque o anúncio do Ministério da Justiça de que a campanha pública pelo desarmamento no país passará a ser permanente no início de 2011.
Ainda estão sendo definidas a operacionalização e as entidades que devem participar da iniciativa, mas as pessoas que desejam entregar suas armas já podem fazê-lo. Para isso, devem entrar no site da Polícia Federal (PF), preencher e imprimir uma guia de recolhimento, levar o documento junto com a arma até um posto da PF mais próximo e receber a indenização, que varia de R$ 100 a R$ 300, de acordo com o modelo e com a data de fabricação do mecanismo bélico.
Segundo o ministério, de 2003 a 2009, a taxa de homicídios caiu cerca de 11% no país, e um dos fatores que contribuíram para isso foram as campanhas de desarmamento. O especialista Bento, da UFMG, afirma que as políticas estaduais também tiveram um papel significativo.
“Alguns estados também estão puxando isso, como São Paulo e Minas Gerais. Por serem muito populosos, eles influenciam fortemente os índices nacionais. Há ainda o movimento de tentar controlar essa violência por meio de políticas sociais e projetos em áreas pobres”, acrescenta.
Por outro lado, nos últimos anos, cerca de 1,1 milhão de novas armas foram registradas no Brasil, enquanto aproximadamente meio milhão foram entregues desde 2005. Por isso, o governo pretende investir agora na conscientização, mostrando à população os riscos associados à arma de fogo.
“A letalidade dos conflitos aumenta muito quando existe uma arma envolvida. Tanto é que o crescimento dos homicídios no país traduz exatamente o aumento de mortes provocadas por ela. Já nas outras modalidades, os números permanecem estáveis”, completa o especialista da UFMG.
Mais ações
Por esse motivo, Bento acredita que a iniciativa de recolhimento, para ser efetiva, deve vir acompanhada de outras ações, como um combate mais rigoroso às armas ilegais, que representam cerca de 10 milhões das 17,6 milhões existentes no país, de acordo com pesquisa conduzida pelo Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra, em parceria com a ONG Viva Rio e o ISER (Instituto de Estudos da Religião).
“Você tem países que são mais armados, como os Estados Unidos, e nem por isso se mata tanto. Acho que tem um somatório de coisas, como uma disposição maior para se usar essas armas entre os jovens no Brasil. E há uma certa cultura da violência para a solução de conflitos, que vai além da disponibilidade de armas”, finaliza.
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