Alunos bebem e drogam-se mais
Estudo provou a ligação entre estes consumos e comportamentos desviantes
Metade dos alunos (12-18 anos) das áreas metropolitanas já ingeriu bebidas fortes, um em cada dez drogou-se e há uma ligação «forte», em 91,4 por cento dos casos, entre estes consumos e comportamentos desviantes.
As conclusões, «ainda muito frescas» e «a necessitar de muito tempo para reflectir», são de um estudo da Escola de Criminologia do Porto e foram apresentadas esta quinta-feira, no âmbito do 72.º Curso Internacional de Criminologia, que decorre até sábado naquela cidade.
De acordo com a co-autora do trabalho Josefina Castro, o inquérito confirmou uma «elevada» prevalência de consumo de álcool entre os alunos das duas áreas metropolitanas, já que 50,5 por cento admitiram a ingestão de bebidas fortes. Os consumos esporádicos são equivalentes por sexos, mas elas embriagam-se menos.
11,4 referiram que alguma vez consumiram droga, sobretudo cannabis (10,9), com maior prevalência na Área Metropolitana de Lisboa (14,0), contra 8,2 na Área Metropolitana do Porto.
«Quando comparamos estes dados com um inquérito internacional de 2005, verificamos que há um aumento da prevalência ao nível do consumo de cannabis e um aumento, ainda que menos significativo, ao nível das drogas duras», disse a docente da Escola de Criminologia.
Há também uma ligação «forte» entre consumos de drogas ou álcool e comportamentos desviantes, em 91,4 dos casos, sublinhou Josefina Castro.
Os comportamentos criminais mais confessados foram condução sem carta (21,2), furto em loja (18,4) e agressão sem arma (18,4). A meio da listagem está o tráfico de droga.
Lisboa surge com mais comportamentos delinquentes (54,3) do que o Porto (44,6), uma tendência que, segundo Josefina Castro, é comuns a praticamente todos os outros itens do inquérito.
Os crimes dos alunos
O inquérito também indica que a humilhação surge em primeiro plano (29,4 por cento) de entre as experiências traumáticas sofridas por alunos dos 12 aos 18 anos em escolas das duas áreas metropolitanas.
Seguem-se a ameaça de agressão (20,1) e o furto (20), muito acima da agressão (9,6), explicou a co-autora do estudo.
«O que sai claramente do inquérito é que a vitimação sofrida, nos 12 meses anteriores ao inquérito, é muito superior em perímetro escolar à registada noutros locais, excepto nos actos contra sua integridade física», assinalou a investigadora.
Os rapazes são mais violentos e mais vítimas de violência, mas equiparam-se às raparigas na concretização de outros crimes, como furtos.
Entre os actos delinquentes que os inquiridos declararam terem cometido sem serem detectados pelas autoridades policiais, escolares e pelos próprios pais contam-se o dano (78,1), furto em loja (84,5) ou porte de arma (86,4).
Porém, o tráfico de droga (92,7) é o acto criminoso que mais consegue escapar ao controlo de pais e autoridades. «Mas sendo detectado, é o mais castigado», sublinhou Josefina Castro, referindo que o controlo parental sobre o consumo de estupefacientes é fraco em 59,8 por cento das situações, médio em 36,4 e forte em 24,2.
Não há grandes oscilações entre os alunos autóctones e imigrantes, quanto a consumo de drogas, mas os estrangeiros radicados em Portugal faltam mais à escola.
Por estratos socioeconómicos, 7,2 por cento dos alunos da classe alta admitiram consumos de drogas nas quatro semanas anteriores ao inquérito, mais 3,1 do que alunos da classe média e mais 4,3 do que os da baixa.
Do estudo resultou a «aparente» inexistência de ligações entre o insucesso escolar e os comportamentos desviantes. Porém, 17,5% dos inquiridos assumiram que pertenciam a gangs.
Os inquéritos foram realizados em contexto escolar entre o princípio de 2008 e Fevereiro de 2010. Envolveram 2898 alunos sobretudo dos 12 aos 18 anos frequentadores de 21 escolas da Área Metropolitana do Porto e de 28 da de Lisboa, onde já se sabia existirem as maiores taxas de delinquência juvenil.
Tvi 24.
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