Estudo inédito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela os efeitos da violência na saúde física e mental das vítimas indiretas dos crimes e de quem sobrevive a eles. As mulheres são as que sofrem mais. E a violência não traz apenas sintomas psicológicos. O organismo das vítimas também sofre mudanças importantes. Segundo o levantamento, os pacientes com transtorno têm alterações hormonais e diminuição do tamanho do cérebro. A área pré-frontal e o hipocampo perdem entre 6 e 7% do volume, o que dificulta o raciocínio e a memória.
A produção de um hormônio chamado cortisol cai drasticamente, o que traz dificuldade de concentração, queda da imunidade e aumenta em até 5 vezes a chance de doenças cardíacas, como enfarte ou derrame. O mais assustador, segundo os pesquisadores, é que a doença é quase tão comum em São Paulo quanto em zonas de guerra. Segundo os coordenadores do estudo, os número em São Paulo são muito mais próximos de regiões como a palestina do que comparado com uma cidade da Europa ou dos Estados Unidos.
Os médicos ainda estão pesquisando porque as mulheres são mais afetadas pela doença. O que se sabe é que, quanto mais cedo a vítima procurar tratamento, maior a chance de cura. Só o tempo não cura. Desde que a filha mais velha foi assassinada há quatro anos, Dona Maria não tem mais vontade de fazer nada.
- Eu fazia crochê, eu fazia tricô eu bordava, eu costurava. Até roupa de formatura eu fazia. Não faço mais nada, eu não consigo. Se eu puder ficar na cama o dia inteiro eu fico. Eu parei no tempo - afirmou dona Maria, que sofre de transtorno de estresse pós-traumático.
É uma doença que atinge de 10 a 15% das vítimas de violência e que é duas vezes mais comum em mulheres.
- A pessoa tem lembranças repetidas a respeito da cena traumática. Então ela revive aquela cena como se estivesse acontecendo novamente e toda a vez que ela revive isso é muito sofrido - explicou o médico e coordenador do estudo, Marcelo Feijó de Mello.
O Globo.
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