quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mulheres são as que mais sofrem trauma da violência, revela estudo

Estudo inédito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela os efeitos da violência na saúde física e mental das vítimas indiretas dos crimes e de quem sobrevive a eles. As mulheres são as que sofrem mais. E a violência não traz apenas sintomas psicológicos. O organismo das vítimas também sofre mudanças importantes. Segundo o levantamento, os pacientes com transtorno têm alterações hormonais e diminuição do tamanho do cérebro. A área pré-frontal e o hipocampo perdem entre 6 e 7% do volume, o que dificulta o raciocínio e a memória.

A produção de um hormônio chamado cortisol cai drasticamente, o que traz dificuldade de concentração, queda da imunidade e aumenta em até 5 vezes a chance de doenças cardíacas, como enfarte ou derrame. O mais assustador, segundo os pesquisadores, é que a doença é quase tão comum em São Paulo quanto em zonas de guerra. Segundo os coordenadores do estudo, os número em São Paulo são muito mais próximos de regiões como a palestina do que comparado com uma cidade da Europa ou dos Estados Unidos.

Os médicos ainda estão pesquisando porque as mulheres são mais afetadas pela doença. O que se sabe é que, quanto mais cedo a vítima procurar tratamento, maior a chance de cura. Só o tempo não cura. Desde que a filha mais velha foi assassinada há quatro anos, Dona Maria não tem mais vontade de fazer nada.

- Eu fazia crochê, eu fazia tricô eu bordava, eu costurava. Até roupa de formatura eu fazia. Não faço mais nada, eu não consigo. Se eu puder ficar na cama o dia inteiro eu fico. Eu parei no tempo - afirmou dona Maria, que sofre de transtorno de estresse pós-traumático.

É uma doença que atinge de 10 a 15% das vítimas de violência e que é duas vezes mais comum em mulheres.

- A pessoa tem lembranças repetidas a respeito da cena traumática. Então ela revive aquela cena como se estivesse acontecendo novamente e toda a vez que ela revive isso é muito sofrido - explicou o médico e coordenador do estudo, Marcelo Feijó de Mello.

O Globo.

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