A organização Anistia Internacional lança nesta semana um vídeo sobre a prática do waterboarding, que consiste em uma espécie de afogamento simulado de prisioneiros.
O anúncio, que será transmitido nos cinemas britânicos a partir de 9 de maio, foi produzido para chocar os espectadores. As imagens iniciais dão a impressão de que se trata de uma propaganda de água mineral.
No entanto, ao final do comercial, uma cena mostra que a água estaria sendo jogada em cima de um prisioneiro, a exemplo do que acontece com a prática do waterboarding, usada em interrogatórios.
Na polêmica técnica, o prisioneiro é deitado e recebe um pano em sua boca ou um pedaço de plástico sobre o rosto. Os interrogadores jogam água sobre o rosto do prisioneiro.
Críticos e organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, afirmam que a simulação da sensação de afogamento é tortura.
Segundo a diretora da Anistia Internacional no Reino Unido, Kate Allen, "o filme mostra o que a CIA (a central de inteligência americana) não quer que você veja a realidade repugnante de quase afogar uma pessoa e chamar isso de 'interrogatório aprimorado'".
"Interrogatório aprimorado"
Em fevereiro, o diretor da CIA, Michael Hayden, admitiu que a agência de inteligência americana usou a técnica em três suspeitos da rede terrorista Al Qaeda em interrogatórios relacionados aos atentados de 11 de Setembro.
Ele disse que a prática foi adotada há cinco anos e desde então não teria mais sido usada.
Em março, o presidente americano, George W. Bush, vetou uma lei que proibiria a prática do que ele chama de "práticas de interrogação aprimoradas" pela CIA.
O especialista em segurança americana Malcolm Nance disse que o filme da Anistia retrata com precisão como a prática é realizada.
"Treinei oficiais americanos sobre técnicas de resistência ao waterboarding, e posso afirmar que o filme mostra exatamente como a técnica é realizada", disse.
Intitulado Stuff of Life (Coisas da Vida, em tradução livre), o filme faz parte de uma campanha da Anistia Internacional para mobilização pelos direitos humanos na chamada "guerra contra o terrorismo".
BBC, 21/04/2008.
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