quarta-feira, 2 de abril de 2008

Endurecer punição de adolescentes não é solução

Para criminalista, o clamor por mais punição é sintoma de “uma passividade mórbida que impede que de fato sejam resolvidos os problemas de uma organização social suicida.”



Em artigo, o advogado criminalista Marcelo Mayora Alves comenta a polêmica sobre a redução da maioridade penal para 16 anos. Para ele, o endurecimento da punição de adolescentes não é a solução para o problema da violência. “O clamor por mais punição é sintoma de” uma passividade mórbida que impede que de fato sejam resolvidos os problemas de uma organização social suicida que não tem como manter-se em pé, a não ser de olhos fechados”, explica. A "cura da cegueira" que assola nosso tempo só é possível caso primeiro retiremos as vendas que tornam tudo escuro, sendo uma dessas vendas representadas pela crença na punição”. O articulista contesta também a idéia de aumento no tempo da pena de adolescentes que cometeram atos infracionais. “Creio que três anos no período da adolescência é tempo adequado. Ficar preso dos 16 aos 19 é ficar muito mais tempo preso do que dos 29 aos 32, por exemplo. Trata-se de uma fase em que o tempo é acelerado, além de tratar-se de temporalidade fundamental na construção da subjetividade”, diz.



[Zero Hora (RS), Marcelo Mayora Alves – 02/04/2008]

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