sábado, 12 de abril de 2008

Delazari abre a caixa-preta da violência

Depois de um longo período sem divulgar dados sobre a criminalidade no Paraná, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou ontem os primeiros resultados do projeto Geoprocessamento - Mapa do Crime, referentes ao ano passado, que vinha sendo produzido desde 2003.

Agora, o comprometimento do secretário Luiz Fernando Delazari é de divulgar as estatísticas de criminalidade a cada três meses no site da secretaria. O primeiro boletim deste deve estar disponível para a população de 15 a 20 de abril.

Mais que o número de homicídios, a Sesp divulgou o perfil dos autores e das vítimas do crime. Nos dois perfis, o que se destaca é a relação com as drogas. Apenas em Curitiba, responsável pelo maior número de homicídios dolosos do Paraná no ano passado, com 589 mortes, cerca de 36% do total das vítimas eram usuárias de drogas, segundo a Sesp. Outros 18% tinham antecedentes criminais; 11% eram traficantes e 10% alcoólatras. Já do lado de quem comete o assassinato, 56% eram traficantes e 38% apresentavam antecedentes.

Delazari comentou que 80% dos crimes são ligados ao tráfico de drogas, o que deve aprofundar o trabalho da polícia em torno das denúncias pelo telefone 181 e na perseguição de traficantes. “Esses números pedem uma resposta forte e rápida do Estado. Precisamos trabalhar a impunidade e não deixar o criminoso livre”, afirmou.

Delazari defendeu que o combate à criminalidade passa pelo combate às drogas. “É preciso interromper o ‘ciclo da droga’. Para os traficantes, quanto mais se mata, mais status se ganha e mais conhecido fica”, apontou o secretário.

Nos bairros, a criminalidade foi maior no Cajuru, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Tatuquara, Sítio Cercado e Uberaba.

Junto com Curitiba, a Região Metropolitana (RMC) é responsável por 40% de todos os crimes praticados no Paraná. Os municípios da RMC ficaram em segundo lugar no ranking estadual em número de homicídios, onde foram registrados mais 567 assassinatos. A terceira colocação ficou com Foz, com 327 mortes.

Aumento

Durante o ano passado, o número de crimes contra a pessoa, categoria em que se enquadram os homicídios, teve um aumento de 13,6% no Paraná. Em Curitiba, esse aumento foi de 2,26% e, na Região Metropolitana, de 13,4%. Os crimes de ameaça, lesão corporal, violação de domicílio e difamação representaram 90% dos crimes dessa categoria e, os homicídios, 2,6%.

Confiabilidade total só agora

A não-divulgação temporária de dados pela Sesp foi justificada pelo secretário porque até então esses dados não seriam confiáveis, já que muitas vezes as polícias Civil e Militar registravam um mesmo crime. “Nunca houve preocupação em esconder dados. O que aconteceu foi que as estatísticas que existiam eram feitas à mão e sem confiabilidade. A divulgação seria irresponsabilidade e não demonstraria a realidade criminal do Paraná”, defendeu Delazari.

Pensado para acompanhar o rendimento do trabalho policial e acabar com a falta de padronização dos registros das polícias, o Geoprocessamento é um banco de dados criminais, informatizado, que fornece mapa com locais e horários em que acontecem crimes. A organização das informações permite à Sesp a elaboração de planejamento inteligente, podendo deslocar um efetivo maior para os dias e horários de pico. Pelo Geoprocessamento, a estatística será mutável, segundo o secretário. “As estatísticas serão alteradas constantemente, por exemplo quando se confirmar que um registro de lesão corporal se transformou em homicídio”, garantiu.

Todos os dados do Geoprocessamento foram gerados a partir do Boletim de Ocorrência Unificado (BOU), novo método de coleta de ocorrências policiais. Com o novo modelo, no mesmo boletim de ocorrência são registrados os vários crimes cometidos e não apenas o mais relevante, como era feito até então.

Um latrocínio a cada 20 dias

Além dos números de homicídio, o Geoprocessamento da Sesp divulgou dados de latrocínios, furtos, roubos e outros crimes. Só na capital, segundo dados da Delegacia de Furtos e Roubos, ocorreu uma média de um latrocínio a cada 20 dias no ano passado. Na análise da polícia, o crime de latrocínio é sazonal e é difícil de se manter um padrão que permite comparação.

Os crimes contra o patrimônio, que são basicamente furtos e roubos, lideram as estatísticas criminais, com quase 30% do total de crimes de 2007. Em seguida, com quase 15%, estão os crimes contra a pessoa, na qual se enquadram os homicídios (ver números na tabela) e lesões corporais.

Mas, pelas estatísticas do Geoprocessamento, o número total de furtos e roubos diminuiu durante o ano passado, no Paraná. Em relação aos registros de furtos, de janeiro a dezembro, a queda foi de 18,48%, enquanto que os roubos diminuíram 10,7%. Em relação a furtos e roubos de veículos, foram 16 por dia em Curitiba. No Paraná, esse número sobe para 27 por dia.

As estatísticas completas com registro por área do Estado, com gráficos de aumento e redução dos números, podem ser conferidas no novo site da Sesp (www.seguranca.pr.gov.br). O Estado foi subdividido em 23 Áreas Integradas de Segurança Pública, as Aisps, que agregam municípios. Curitiba é o único município que integra uma Aisp sozinho.


Estado do Paraná, 12/04/2008.

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