sábado, 26 de abril de 2008

Advogado acusado de participar de fraude no BNDES será solto à tarde

SÃO PAULO - O advogado Ricardo Tosto, preso na quinta-feira sob acusação da Polícia Federal e Ministério Público Federal de participar de um esquema fraudulento para a liberação de recursos do BNDES para empresas, será libertado na tarde deste sábado. A decisão de relaxamento de sua prisão temporária foi tomada cedo pelo juiz Egidio de Matos Nogueira, plantonista da Justiça Federal de São Paulo. Ele tomou a decisão com base num parecer do delegado federal Rodrigo Levin, que comanda as investigações sobre uma suposta quadrilha que intermediava a obtenção de recursos do BNDES e cobrava ao final uma comissão de até 5% sobre o valor da cada empréstimo.

Tosto, como diretor consultivo do BNDES, participaria ativamente da quadrilha, segundo o MPF e a PF. Ele foi indicado para o cargo no BNDES pela Força Sindical, que tem o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, como presidente. Tosto foi preso na quinta-feira e foi ouvido pelo delegado Levin ontem das 17h às 21h. Depois de ouvir o advogado, o delegado entendeu que não tinha mais razões para mantê-lo preso. Ele será solto ainda hoje e só aguarda a chegada do oficial de Justiça com a decisão do juiz Egídio Nogueira para ser solto da Carceragem da PF, no bairro da Lapa, em São Paulo. Segundo o advogado Eduardo Nobre, sócio de Tosto, a prisão do advogado foi inexplicável e arbitrária, uma vez que no inquérito que investiga a atuação da quadrilha traz apenas algumas escutas de telefones de empresários dizendo um para o outro que "com o Tosto eu resolvo" ou "vou falar com o Tosto" para liberar este ou aquele empréstimo junto ao BNDES.

Segundo Nobre, não se pode levar preso e algemado um advogado como Ricardo Tosto apenas por conversas ao telefone de terceiras pessoas. Outras ligações telefônicas interceptadas também dizem que "Tosto é forte com o Paulinho", o deputado e presidente da Força Sindical. Por isso, as investigações do MPF e PF devem levar também ao deputado Paulinho da Força. Mas se as investigações levarem ao seu envolvimento no caso, os policiais precisarão encaminhar o processo para a Procuradoria Geral da República e Supremo Tribunal Federal (SFT), já que Paulinho tem foro privilegiado por ser deputado federal. Tosto pode conceder uma entrevista à imprensa apenas na segunda-feira, segundo sua assessoria de imprensa.

Além de Ricardo Tosto, a PF prendeu outras nove pessoas na chamada "Operação Santa Tereza", envolvidas com a suposta quadrilha do BNDES, entre os quais o sindicalista João Pedro de Moura, ligado a Paulinho da Força. Moura responde a outro processo por estelionado e falsificação de documentos com a acusação de ter sido um dos 11 responsáveis pelo desvio de R$ 2,8 milhões do Ministério do Desenvolvimento Agrário para um projeto de reforma agrária fracassado na Fazenda Ceres, em Piraju, interior de São Paulo, no qual o deputado Paulo Pereira da Silva também é um dos réus. Paulinho, no entanto, foi desmembrado do processo que corre na Justiça Federal e responde pelo crime em separado no STF por ser deputado federal.


O Globo Online, 26/04/2008.

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