por Milton Corrêa da Costa
Comemora-se hoje, 26 de junho, o Dia Mundial de Combate às Drogas. Uma importante data para reflexão. Tem sido observado que cresce assustadoramente no Brasil o consumo da chamada 'droga da morte", o crack, um derivado da pasta de coca, em forma de pedra. O Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack não tem sido capaz de frear o crescimento assustador das 'cracolândias' e de usuários. Há uma epidemia de consumo, onde 95% dos municípios brasileiros estão envolvidos com a problemática, inclusive na lavoura e no garimpo. É preciso, pois, que pais e jovens tenham ciência e consciência da gravíssima questão, antes que a internação compulsória seja a última medida a ser tomada para o dependente em risco de morte.
Pais e responsáveis precisam, portanto, estar sempre atentos às mudanças comportamentais dos filhos. Isso pode significar que há envolvimento com drogas. Aí estão algumas das mudanças comportamentais que poderão ser observadas: hiperagressividade ou estado permanente de desânimo; desinteresse ou abandono do trabalho e estudos, desmotivação para a prática esportiva, apatia, depressão, troca do dia pela noite, hematonas nos braços, sangramento nas narinas, olhos avermelhados, lábios ressecados, pensamentos delirantes, gasto excessivo de dinheiro, sumiço de bens móveis na residência e outras alterações comportamentais.
O depoimento abaixo, de um ex-dependente de drogas que superou o vício, inclusive do crack, mostrando a perigosa escalada do uso de drogas, traz uma experiência importante na superação da praga das drogas, que vem destruindo milhares de jovens e seus familiares. Quando o jovem, sem autoestima, não encontra prazer no seio familiar, nos estudos, no trabalho, na religião, nos esportes, na vida social, no lazer, a droga pode aparecer como uma falsa, perigosa e promissora fuga, apresentada por um amigo, amiga, parente, namorado, namorada. É preciso ter em mente que drogas não agregam valores sociais positivos e que podem conduzir usuários e dependentes a um perigoso caminho sem retorno. Quem se ama não se droga.
O DEPOIMENTO DA SUPERAÇÃO SOBRE AS DROGAS
Aí está o depoimento de um ex-viciado em crack, já recuperado das drogas. Diz o jovem, hoje com 24 anos:" Conheci o crack aos 19 anos. Já havia experimentado maconha, cocaína, LSD e ecstasy. Quando meus pais descobriram, pararam de me dar dinheiro e tiraram meu carro. Aí passei a trabalhar com um traficante, que acabou morto pela polícia. Entendi que o meu destino seria igual, se continuasse naquela vida. Há dois anos, decidi me internar. Fui para uma chácara perto de Brasília, onde tinha de fazer limpeza, cuidar da horta e até fazer serviço de pedreiro. Isso me deu noção de disciplina, senso de coletividade. Fiquei lá um ano. Venci o crack. Hoje acredito que não sou mais um escravo dele", disse.
AUMENTO DO CONSUMO DE COCAÍNA E MACONHA
Recente relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (Unodc) aponta, pelo segundo ano consecutivo, o aumento do consumo de cocaína e maconha no Brasil. Os trechos do relatório sobre cocaína se referem a todos os subprodutos da droga, inclusive o crack. O relatório aponta ainda a queda do consumo da cocaína nos EUA e na Europa (Fonte: Jornal O Globo, de 26/06/13)
Milton Corrêa da Costa é tenente coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro
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