WASHINGTON - Pesquisadores que criaram "ratinhos maratonistas", animais geneticamente modificados que conseguem correr por horas seguidas, agora desenvolveram dois tipos de droga que podem simular os efeitos da atividade física sem que a pessoa tenha que se levantar do sofá.
As duas substâncias, ainda em fase de testes, reproduzem alguns dos efeitos biológicos do exercício, aumentando a capacidade das células de queimar gordura e melhorando a resistência do corpo, afirma Ronald Evans, pesquisador do Howard Hughes Medical Institute, do Salk Institute for Biological Studies na Califórnia.
Em um futuro próximo, um dos tipos da droga poderá melhorar a capacidade física de atletas, enquanto a outra pode ser a solução para sedentários que precisam de uma dose extra de motivação para sair da frente do computador.
- Para quem já pratica exercícios, a droga poderia ajudar a conquistar mais resultados em menos tempo. E se você não gosta de se exercitar, não vai precisar se mexer para ter alguns benefícios. Quase ninguém pratica uma hora de exercício por dia, o recomendado atualmente pelos médicos. Seria uma forma de melhorar a qualidade da atividade em um tempo bem mais curto - acredita Evans.
Em 2004, os ratos geneticamente modificados da equipe Evans conseguiram correr duas vezes mais rápido que os ratos normais e se mantinham magros mesmo seguindo dietas ricas em gorduras. Os ratinhos também tinham níveis de glicose e de insulina mais baixos. Ao perceberam os efeitos nos ratos, a equipe de Evans tratou de encontrar uma forma de modular esta experiência no corpo de humanos. Assim surgiram a GW1516 e a AICAR, drogas ainda em fase de investigação.
Além de melhorar a performance de atletas, os comprimidos também vão poder ajudar no tratamento de doenças musculares degenerativas, assim como uma série de desordens metabólicas que só melhoram com a prática regular de exercícios.
Antidoping pega as substâncias
Os resultados iniciais mostram que a droga pode aumentar a resistência física em até 77%, e acelerar a formação de músculos em 38%. Embora os efeitos sejam muito mais evidentes em pessoas que praticam exercícios, os sedentários também podem perceber benefícios mais discretos. No estudo, ratos sob o efeito das drogas melhoraram a capacidade física em 44% em apenas quatro semanas.
- É como se ela turbinasse processos celulares que só são ativados com o exercício e acelerasse o funcionamento do metabolismo como um todo - resume Evans.
A pílula do exercício pode parecer milagrosa e, em tempos de Jogos Olímpicos, pode soar como a solução para atletas que querem melhorar o desempenho nas competições. Mas, para os mais espertinhos, Evans avisa que já existe um teste que detecta a presença da GW1516 e da AICAR no organismo.
O Globo.
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