domingo, 1 de agosto de 2010

Artigo: Novas armas para a polícia

Livros, livros e mais livros. Desde 2002, um grupo de policiais militares de São Paulo tem alimentado a idéia de que o atendimento policial será melhorado na razão dos investimentos no processo de formação e especialização.

Cremos que a valorização profissional, e esse é o pensamento do atual comandante-geral, coronel PM Álvaro Camilo, deve ter espaço privilegiado nas políticas de segurança pública, visando a uma polícia profissionalmente correta, eticamente aceitável, socialmente justa e economicamente viável.

Há consenso de que o Direito não é o sustentáculo de nossos maiores desafios, razão pela qual congregamos, no grupo informal, policiais com interesses em educação, administração, psicologia, filosofia, ciência política, letras, sociologia, educação física e outras áreas do conhecimento.

Resumidamente, a PM tem hoje, na ativa, excetuando-se nossa memorável área de saúde (médicos, dentistas) cerca de 20 mestrandos acadêmicos, 122 mestrandos profissionais, 15 mestres, dois doutores, 12 doutorandos acadêmicos e 20 doutorandos em ciências policiais de segurança e ordem pública, todos com alguma experiência de docência dentro ou fora da Instituição.

O contingente que aposta na melhor formação individual para resultados coletivos estuda ou estudou em na USP, Unicamp, UNESP, PUC, Mackenzie, FGV, UFSCar, dentre outras instituições, que veem na parceria polícia e universidade um seguro caminho para dinamizar políticas públicas nesta área decisiva.

Podemos exemplificar pela capitã Tania Pinc, que passou os últimos 11 meses no Texas (EUA), realizando doutorado-sanduíche pelo Departamento de Ciência Política da USP e pesquisando exatamente um dos pontos
nevrálgicos da atividade policial que é o uso da força. Nunca na história deste Estado um PM estudou no exterior percebendo todas as suas vantagens e garantias. Trata-se de conquista e avanço inquestionáveis do comando da instituição.

Proporcionalmente, já se percebe que os poucos desvios apurados têm ligação com a não-utilização dos procedimentos operacionais padrão (POP) e do método Giraldi de Preservação da Vida,  permeados pelo princípio de respeito incondicional aos direitos humanos e a filosofia de polícia comunitária.

Destaco ainda a disciplina ações afirmativas e igualdade racial, que inclui questões da diversidade sexual, dos indígenas, dos afrodescendentes, dos moradores de rua, das populações andinas, dos idosos e outras temáticas contemporâneas. 

Nossa arma, hoje, é trabalhar com inteligência  em formação, o que redunda pensar em como contemplar no currículo as novas demandas da sociedade democrática.

A boa nova de todo este processo é que já se vislumbra, em âmbito nacional, a implantação do mestrado profissional em segurança pública, que foi debatido recentemente pelo MEC/Capes.

Enfim, como educador policial-militar tenho como visão de futuro o dia em que será rotina, quando um tenente ou sargento rondar suas equipes de trabalho, ter-se um diálogo que contemple a pergunta – Qual livro você está lendo?


Ronilson de Souza Luiz, capitão da PM, doutor em educação e docente no Centro de Altos Estudos de Segurança, profronilson@gmail.com


Fonte: Artigo de opinião publicado em 23 de julho, no jornal Folha de São Paulo, na página A3 – Tendências e Debates.

Autorizo que seja republicado, divulgado ou colado em quadro de avisos,  desde que na íntegra e citando a fonte original;




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