sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Após 22 horas, Nicolas volta para os braços da mãe

  • Depois de 22 horas de desespero, a família Henriques pôde respirar aliviada, com o fim do rapto de Nicolas, o filho recém-nascido do casal Lincon Henriques, 29 anos, e Thaís Braga da Silva Henriques, 27.

    O bebê foi raptado às 20h30 de quarta-feira (18) da unidade materno infantil do Hospital da Providência, em Apucarana (a 75 quilômetros de Maringá), por uma mulher que se passou por enfermeira da unidade.
    Fotos: André Veronez/Tribuna do Norte
    Nicolas chega ao Hospital da Providência, em Apucarana, nos braços de uma policial para ser entregue para a mãe Thaís

    Fotos: André Veronez/Tribuna do Norte
    Marlene de Lima foi presa e a filha adolescente apreendida em Cambé; as duas foram apresentadas pela Polícia Civil no início da noite
    Marlene Miranda de Lima, 40, foi presa por volta das 18 horas de ontem, em Cambé (a 46 quilômetros de Apucarana). Ela estava com o bebê raptado e uma filha de 16 anos.

    Segundo a polícia, Marlene mora em Mauá da Serra e é enfermeira do Pronto Atendimento Municipal (PAM) da cidade.

    Marlene, a filha e Nicolas foram levados a Apucarana. Na noite de ontem, o bebê já estava nos braços da mãe, que o amamentou.

    A prisão

    A Polícia Civil chegou até Marlene após denúncia de funcionários do PAM de Mauá da Serra. Segundo o investigador Fábio Navas, da Delegacia de Apucarana, a enfermeira teria dito às colegas de trabalho que tiraria folga na quarta-feira porque a filha adolescente iria dar à luz.

    As funcionárias do posto, no entanto, desconfiaram da gravidez da menina, que tem 16 anos.

    Depois que souberam do sequestro de um bebê em Apucarana, os funcionários do PAM acionaram a polícia local. O delegado de Mauá da Serra, Gustavo Dante, levou uma foto de Marlene até Apucarana para que a mãe e a avó de Nicolas a reconhecessem.

    "A mãe viu a foto e teve 100% de certeza de que era aquela a mulher que tinha levado a criança."

    Depois da confirmação da mãe, a polícia foi até Mauá da Serra, em busca de Marlene, mas ela já não estava mais na cidade. "Disseram, então, que ela tinha parentes em Londrina e Cambé e fomos até lá."
    "Obrigada, obrigada. Meu bebê voltou."
    Thaís Braga da Silva Henriques
    Mãe de Nicolas
    Marlene, a filha adolescente e o bebê raptado foram encontrados em Cambé, na casa de um parente, na Rua Rio Miranda. Ela foi presa em flagrante e a filha, apreendida. "Quando a pegamos em Cambé, ela confessou o crime, mas não disse o motivo."

    No hospital, Thaís, mãe de Nicolas, agradeceu aos policiais e chorou ao reencontrar o filho. "Obrigada, obrigada. Meu bebê voltou."O pai, emocionado, não conteve as lágrimas. "Estou muito feliz."


    Desespero

    Marlene teria entrado no hospital durante o horário de visitas. Foi até o quarto número 203, local onde havia três mães com bebês recém-nascidos ¿ entre elas Thaís e Nicolas.

    A enfermeira entrou no quarto e passou orientações às mães de como amamentar corretamente as crianças. A mulher, então, disse a Thaís e a avó de Nicolas, Tereza Jesus Braga da Silva, que precisava fazer o teste do pezinho no bebê e que o levaria para outro apartamento.

    Marlene pegou a criança nos braços e foi, junto com a avó, para um quarto no final do corredor. Chegando lá, fechou a porta e pediu que a avó levasse uma cadeira de volta ao quarto onde Thaís estava com as outras duas mães. A avó atendeu o pedido da enfermeira e voltou para o apartamento.

    Tempos depois, mãe e avó notaram a demora na volta de Nicolas. Foi quando a avó decidiu procurar a enfermeira, mas já era tarde.



    Ela havia desaparecido e levado a criança. "Foi um desespero, uma correria", resumiu a avó, ainda muito abalada, na tarde de ontem. A polícia local foi chamada e acionou o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), de Curitiba.

    Nicolas foi raptado duas horas depois de nascer. O garoto nasceu saudável, com 3,8 quilos e 50 centímetros de altura. Depois de saber que o filho havia sido sequestrado, a mãe ficou em estado de choque.

    Henriques, o pai da criança, disse que estava abalado. "Estou triste, acabado." "Nicolas foi uma criança muito esperada. Agora só quero justiça e o meu filho de volta." Nicolas é o segundo filho do casal, que está junto há dez anos.

    O diretor-executivo do hospital, Neilton Rodrigues de Souza, admitiu que houve negligência. "Mas não sei onde houve a falha", conta. O hospital não tem circuito interno de câmeras.


    Desaparecidos

    Segundo estatística da Rede Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (ReDesap), desde 2001 foram registrados 1.257 desaparecimentos de crianças e adolescentes em todo o País.

    Pouco mais da metade (648) foi encontrada e 609 permanecem desaparecidas.

    Os Estados que mais registram ocorrências desse tipo são: Distrito Federal (297), Rio de Janeiro (144), São Paulo e Sergipe (ambos com 126), Goiás (94) e Minas Gerais (72).

    No Paraná, de um total de 1,2 mil casos registrados nos últimos 13 anos, 22 continuam sem solução, segundo informações do Serviço de Investigações de Crianças Desaparecidas (Sicride), que atua desde 1996.

    Fonte: O Diário do Norte do Paraná. Carla Guedes.

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