quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Ressarcimento de gastos por presos pode ser votado

A proposta de obrigar o preso a ressarcir os gastos do Estado com sua manutenção altera a Lei de Execução Penal (LEP) para prever que o ressarcimento é obrigatório, independentemente das circunstâncias. Se não possuir recursos próprios, diz o texto, o apenado pagará com trabalho. 

Do senador Waldemir Moka (MDB-MS), o PLS 580/2015 está pronto para deliberação do Plenário. 

Moka argumenta que, se a assistência material for sustentada pelo preso, sobrarão recursos para serem aplicados na saúde, educação e infraestrutura do país. 

— Quero combater a ociosidade, que tem levado os presos a serem presas fáceis das facções que estão hoje infestando nossos presídios — afirmou Moka, quando o texto foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

A decisão na CCJ era terminativa, mas um recurso foi apresentado pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) para que o projeto fosse votado em Plenário.

O relator na CCJ, senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), lembrou que o objetivo da proposta é fazer com que o Estado seja realmente ressarcido dos gastos que hoje estão sobre os ombros de toda a sociedade brasileira a um custo médio de R$ 2,4 mil ao mês por preso. 

Dívida ativa

Duas sugestões de melhoria foram apresentadas pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) e acolhidas por Caiado. Pelo texto aprovado, quando o preso tem condições financeiras, mas se recusa a trabalhar ou pagar, será inscrito na dívida ativa da Fazenda Pública. Além disso, o hipossuficiente (que não tem recursos financeiros para se sustentar) que, ao final do cumprimento da pena, ainda tenha restos a pagar por seus gastos terá a dívida perdoada ao ser colocado em liberdade. A LEP já determina que o preso condenado está “obrigado” ao trabalho, na medida de suas aptidões e capacidade, com uma jornada que não poderá ser inferior a seis nem superior a oito horas diárias e com direito a descanso nos domingos e feriados. A proposta detalha essa forma de cumprimento e “não inventa a roda”, como frisa Simone. 

O projeto recebeu 16 votos favoráveis e 5 contrários, um deles de Humberto Costa (PT-PE), para quem o texto estimula o encarceramento da população. 

Por meio de nota técnica com sugestões, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) apoiou a proposta, mas disse se preocupar com possíveis abusos da mão de obra dos presos. Por isso, sugeriu aperfeiçoamentos ao projeto, como a limitação de apenas 10% de presos contratados por empresa privada e garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo vigente.

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