Secretário geral da ONU, António Guterres, defende a adoção de uma perspectiva mais "humanista" dos governos em relação ao enfrentamento ao tráfico de drogas
Secretário geral defendeu humanização no combate às drogas
O secretário geral da ONU, António Guterres, defendeu nesta sexta-feira (15) a adoção de uma perspectiva mais "humanista" dos governos em relação ao enfrentamento ao tráfico de drogas. Citando sua experiência como primeiro ministro em Portugal, Guterres ressaltou os benefícios da descriminalização do consumo de drogas que foi adotada pelo país no início dos anos 2000.
"O que fizemos foi descriminalizar o consumo sem retirar a responsabilidade do Estado", afirmou o secretário geral. Segundo ele, Portugal foi bem sucedido ao adotar uma política menos voltada à penalização do usuário, por meio de investimento em mecanismos de assistência social e apoio à saúde dos consumidores. "Ao mesmo tempo, lançamos campanhas de prevenção e instrumentos para minimizar riscos", detalhou, indicando como resultados em seu país a diminuição na quantidade de crimes, nos efeitos negativos causados na sociedade e até mesmo no consumo de drogas.
"Isso é o oposto do que políticas rigorosamente restritivas tendem a ser. Estou convencido de que traficantes de drogas certamente são pessoas horríveis, e precisamos manter um compromisso forte em relação a isso. Mas estou convencido de que precisamos ter políticas muito mais orientadas às pessoas, tentando olhar isso por uma perspectiva humanista, especialmente em relação ao consumo, considerando que (os usuários) são muito mais vítimas", defendeu.
No Brasil, o tráfico de drogas é a principal razão de detenções em unidades prisionais de Norte a Sul do país. Para o secretário geral da ONU, porém, o tema não pode ser resolvido pela criminalização e militarização. "Gostaria de ver muito mais cooperação internacional nisso", afirmou. "Normalmente a pressão é colocada nos países produtores (de drogas), mas a verdade é que a produção não existe se não há demanda. Então penso que é importante olhar as coisas pelos dois lados".
Guterres não defendeu abertamente a completa liberalização do setor, mas ressaltou que, com relação ao consumo, o mundo precisa avançar em relação a uma política mais pragmática e centrada nas pessoas.
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