sábado, 23 de agosto de 2008

Países centro-americanos possuem criminalidade epidêmica

O Observatório Centro-Americano sobre Violência (Ocavi) divulgou um relatório que trata sobre os custos econômicos da violência na América Central. A região possui uma taxa de homicídios superior a 36 por cada 100 mil habitantes e altos índices de outros tipos de violência, como lesões, roubos, furtos, extorsões, violência de gênero e intrafamiliar, o que a coloca na frente das sub-regiões mais violentas da América Latina e do mundo.

De acordo com o relatório, a qualidade de vida das pessoas na América Central é bastante afetada pelo aumento da violência e pela elevada percepção de insegurança que acompanha a vida dessas pessoas, incidindo de maneira negativa no desenvolvimento humano e na consolidação da governabilidade dos países da região.

A Organização Pan-americana de Saúde (OPS) considera um índice "normal" de criminalidade aquele que fica entre 0 e 5 homicídios para cada 100 mil habitantes por ano. Esse nível pode ser tratado por meio de mecanismos convencionais. No entanto, se o nível ultrapassa a 10 homicídios por 100 mil habitantes, considera-se que uma sociedade enfrenta um quadro de criminalidade "epidêmica", devendo ser tratada por vias não convencionais.

Esse quadro de criminalidade "epidêmica" é o vivido pelas sociedades dos países da América Central, com exceção da Costa Rica. O caso extremo encontra-se em El Salvador. Em 2006, o país registrou 3.928 homicídios, o que corresponde a quase 68 homicídios para cada 100 mil habitantes, 6,8 vezes a taxa considerada "epidêmica" pela OPS. A taxa de El Salvador é mais que o dobro da América Latina, dez vezes maior que a dos Estados Unidos.

Esse alto índice de violência gera uma enorme carga sobre os países, tanto em termos humanos como econômicos. A vida perdida, principalmente dos jovens, configura-se um custo para a força de trabalho do país. A violência e a criminalidade também implicam gastos no setor de saúde e judiciário, provoca ausência no trabalho e perda de produtividade, o que afeta acumulação de capital humano e social.

"A medição precisa dos custos econômicos da violência não somente proporciona um indicador da magnitude e da gravidade do problema, mas também constitui uma importante ferramenta para os tomadores de decisão envolvidos na formulação de políticas para enfrentar as diversas manifestações da violência e minimizar seu impacto sobre a sociedade", acrescenta o informe.

Três grandes conjuntos de variáveis influenciam no nível de criminalidade do país. São eles: condições sociais básicas e oportunidades de trabalho, especialmente a taxa de desocupação juvenil; níveis de educação; grau de integração funcional das famílias. Os dados mostram uma correlação apreciável entre as taxas de homicídios e as de pobreza, embora na América Central as taxas de homicídios se encontrem muito acima do que seria de esperar dadas suas taxas de pobreza.

No entanto, o informe esclarece que não existe uma relação linear mecânica entre pobreza e violência. As nações e os indivíduos mais pobres nem sempre são os mais propensos ao crime. Na América Central, os países mais seguros são o mais rico, Costa Rica, e o mais pobre, Nicarágua. Diversos estudos demonstraram que a distribuição da riqueza em uma sociedade é mais significativa que a pobreza para prever os níveis de violência. Mais que a pobreza, as crescentes desigualdades de renda e de oportunidades, junto a outros fatores sociais, culturais e psicológicos, são as principais razões para a criminalidade.

Adital.

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