segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Nigeriano pode ser condenado à morte na próxima semana por ter 86 mulheres

As autoridades islâmicas da Nigéria estão ameaçando condenar à morte um homem casado com 86 mulheres. A única opção para ele escapar da denúncia e dos riscos de morrer é a dispensa de 82 delas em três dias. A praxe do país reconhece a ele o direito de ficar "apenas com quatro esposas".

O ultimato foi anunciado ontem (21), três semanas depois de a imprensa nigeriana ter noticiado o caso de Mohammed Bello Abubakar, 84 de idade, suas 86 mulheres e os 170 filhos dos diversos casais que se formaram ao longo dos últimos 40 anos. Ele é apelidado de Baba.

Segundo a denúncia, "Bello Abubakar - ex-professor e pregador muçulmano - formou um culto de orgia sexual, não uma família".

A maioria de suas mulheres mora em uma casa pequena e não terminada, na cidade de Bida, onde todas aceitam a convivência e "se toleram", esperando que Bello Abukar eleja uma ou duas delas para momentos íntimos, toda a vez que vai à tal residência, duas vezes por semana.

Outras das esposas dele - seriam seis - moram na casa dele em Lagos, a capital comercial da Nigéria. Estas seriam - segundo a imprensa africana - "as favoritas de Baba".

Grande parte das autoridades islâmicas concorda que um homem pode ter até quatro mulheres, desde que demonstre ter condições de dar o mesmo tratamento a todas elas. Bello Abubakar - que ganhou notoriedade no país nas últimas semanas - defendeu-se, em seu depoimento, afirmando que o Alcorão não prevê nenhuma punição para quem tem um número maior de mulheres.

Numa entrevista a repórteres de tevê da rede BBC, ele sustentou que "Deus não disse qual deveria ser a punição para um homem com mais de quatro mulheres, mas ele foi específico sobre punições para fornicação e adultério".

Ele disse também que "não procura as mulheres" - elas que supostamente vão até ele por causa da sua reputação de curandeiro. Ele conta que "em seguida surgem o relacionamento de confiança e as afinidades pontuais; então, eu sigo o pedido de Deus, e me caso com elas".

Mas nem Abubakar nem suas mulheres trabalham, e ninguém sabe como ele sustenta tamanha família, já que ele se recusa a dizer de onde tira dinheiro para arcar com a alimentação e vestuário de tanta gente. Por dia, a família gasta cerca de US$ 850 apenas nas refeições. "Vem tudo de Deus", diz ele.

Sobre a Nigéria

Uma pesquisa realizada em 2005 por entidades internacionais revelou que uma em cada três mulheres nigerianas entrevistadas admitira ter sido vítima de abusos físicos praticados por chefes, maridos ou simplesmente namorados. "O homem nigeriano acha que a mulher é inferior a ele" - foi a tônica das respostas.

Mais populoso dos países do continente africano - sem dados oficiais a revelarem qual a sua população - a Nigéria é também um dos que apresentam economia mais avançada e diversificada. Embora prejudicado pela enorme heterogeneidade cultural de sua população, sua expectativa de desenvolvimento é alimentada pela riqueza em petróleo e pela ascensão de uma classe instruída e voltada para os valores ocidentais.

Com representantes de quase todas as raças nativas da África, a Nigéria apresenta grande diversidade de povos e culturas. No país, situado na confluência das rotas migratórias transcontinentais, ocorreu o cruzamento entre sudaneses e povos bantos e semibantos, oriundos do sudoeste e do centro da África. Posteriormente, grupos menores como os árabes shuwas, os tuaregues e os fulani ou fulas, concentrados no extremo norte, entraram em ondas sucessivas pelo Saara.

País da África Ocidental, membro da Comunidade Britânica de Nações, a Nigéria ocupa uma área de 923.768km2. Limita-se ao norte com o Níger, a nordeste com o lago Tchad, a leste com o Camarão, ao sul com o golfo de Guiné e a oeste com o Benin.

A Nigéria é um dos países de maioria muçulmana que reintroduziram punições com base na Sharia, a lei islâmica, em 2000. Muitas pessoas já foram condenadas à morte por adultério em tribunais da Sharia, embora nenhuma das sentenças tenha sido executada.

Um diplomata brasileiro que já morou na Nigéria disse ao Espaço Vital que se trata de "um país de vida complicada". Ele relatou que dali partem, todos os dias, via Internet, incontáveis mensagens de e-mail, difundidas ao mundo inteiro, propondo picaretagens, negócios e parcerias absurdas.

"Negócio da Nigéria"

Não é um negócio da China, é um negócio da Nigéria. É o famoso golpe 4-1-9, o equivalente nigeriano do 171 brasileiro: estelionato. O nome atribuído a esse golpe é muito sugestivo: AFF - advance fee fraud, a fraude da antecipação de pagamentos.

Segundo a página Nigerian Scam/Quatloos o golpe 4-1-9, o "419 scam" é a terceira maior fonte de renda da Nigéria. Esse golpe, surgido pela metade da década de 80, goza de uma certa - se não simpatia por parte dos agentes do governo - "compreensão" bastante peculiar, de modo que a ação contra os vigaristas nigerianos é praticamente inexistente. Parece algo como o "combate" ao jogo do bicho no Brasil, uma contravenção consentida.

Segundo a polícia britânica, mais de 3.000 cartas são enviadas por via postal, todas as semanas, propondo o golpe 4-1-9. Não há estimativas quanto à quantidade de e-mails enviados propondo o mesmo negócio.

Uma das características desse golpe é o baixo "investimento" necessário para aplicá-lo. No passado, para reduzir os custos, chegavam até mesmo a falsificar selos dos correios da Inglaterra.


Fonte: Marina Birnfeld - Espaço Vital

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