Considerando-se apenas os casos registrados pela Políca Civil mais de 45 mil pessoas foram vítimas de estupro no Brasil no ano passado.
No entanto, o Fórum de Segurança Pública que compilou esses registros acredita que devido a grande subnotificação dos crimes sexuais, a quantidade de casos possa ser até dez vezes maior.
De acordo com a major da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Claudia Moraes, isso se deve principalmente ao estigma do crime sexual e à culpabilização das vítimas que desencorajam as denúncias.
Mas ela acredita também que é preciso aperfeiçoar o treinamento das forças policiais para que os agentes saibam acolher e orientar vítimas de violência de gênero.
A major Claudia Moraes foi uma das palestrantes de um evento realizado na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro para discutir diversas formas de violência de gênero.
Sua fala teve como destaque o estupro perpetrado por companheiros e ex-companheiros situação ainda mais invisibilizada, á que muitas vezes as vítimas sequer reconhecem que houve crime.
Apesar disso, 380 notificações deste tipo foram feitas no estado no ano passado. A delegada Márcia Noely, que coordena as delegacias de atendimento à mulher do estado, concorda que é preciso melhorar a porta de entrada das vítimas no sistema de Justiça e que por isso desde junho a Polícia Civil trabalha com um novo protocolo.
Já a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Giovana Xavier, aponta para uma outra camada, além do machismo, que também precisa ser quebrada, a do racismo.
A professora destaca ainda que a cultura do estupro faz parte da formação do Brasil, já que a nossa miscigenação foi construída em grande parte a partir da violência sexual cometida por homens europeus contra mulheres indígenas e africanas.
O anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Público não faz o recorte de raça nos números de estupro compilados, mas dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro já apontaram que as mulheres negras são a maioria das vítimas não somente de estupro como também de lesão corporal e homicídio doloso.
Fonte: Agência Brasil
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