Custo com violência chegou a R$ 258 bilhões, quase 6% do PIB. Em cinco anos, polícia brasileira matou mais do que a polícia americana em trinta.
Ao todo, 2.212 pessoas foram assassinadas pela polícia no Brasil, no ano passado. E quase 500 policiais foram mortos. São números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que lança, nesta segunda-feira (9), o Anuário da Violência.
É um custo bilionário que faz falta em outras áreas. Os custos com a violência no Brasil chegaram a R$ 258 bilhões no ano passado. Quase 6% do PIB, que é a soma de todas as riquezas do país. É muito dinheiro, e o pior, quem analisa essa área diz que esse valor todo é insuficiente ou mal usado.
E outro problema: nossa polícia mata muito. Em cinco anos, matou mais do que a polícia americana em 30.
Dois homens anunciaram o assalto a uma pizzaria, na Zona Leste de São Paulo, na madrugada de domingo (9). Uma guarda municipal sacou a arma, depois que o dono levou um tiro. Ela matou um dos ladrões e feriu o outro. Confrontos desse tipo, entre civis e agentes de segurança, são comuns e foram frequentes no ano passado.
O Anuário Brasileiro de Segurança, que será divulgado nesta segunda-feira(10) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que em 2013, 2.212 pessoas foram mortas pela polícia em todo o país. Foram seis mortes por dia em confrontos. A comparação com a polícia dos Estados Unidos mostra uma explosão do número de casos.
Nos últimos cinco anos, as polícias brasileiras mataram quase 11.200 pessoas. Enquanto a polícia americana levou 30 anos para atingir quase o mesmo número de mortes: foram 11.090 mil pessoas.
Policiais também foram vítimas. Em 2013, 490 foram mortos no país, 75% estavam fora de serviço.
Onze por cento dos homicídios do mundo aconteceram no Brasil. A violência tem um custo alto para toda a sociedade.
“Dos R$ 258 bilhões gastos com os custos da segurança pública da violência no Brasil, só R$ 65 bilhões são gastos com políticas públicas de segurança e prisional. Isso significa que a gente gasta três vezes mais com os efeitos perversos da violência e segurança privada do que com políticas públicas voltadas ao enfrentamento do crime e da violência”, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A secretária nacional de segurança pública, Regina Miki, diz que a violência só vai cair se houver integração dos poderes: “A solução está em aproximarmos o judiciário da política de segurança pública e termos o respaldo da ressocialização dentro do sistema prisional”, diz.
No anuário, também existe um levantamento feito em oito estados pela Fundação Getúlio Vargas. Ele mostrou que 57% dos entrevistados acreditam ser possível desobedecer as leis. Pior: 81% dizem que sempre é possível “dar um jeitinho” para não cumprir as leis. A análise dos especialistas é de que esses dados são fortes sinais de que a população convive com a sensação de impunidade.
Neste domingo (9), ladrões tentaram roubar a moto de um rapaz. Dois primos dele que estavam por perto foram baleados. Dois suspeitos foram presos. O dono da moto quer Justiça.
Rapaz: Tem que ser punido, se não sai hoje e amanhã estão fazendo coisa pior.
Bom Dia Brasil: Você acha que isso pode acontecer?
Rapaz: Claro que pode. Do jeito que eles são frios, pelo amor de Deus, não tem como, não!
Quanto maior a renda maior, maior a sensação de impunidade. E é em Brasília que está a maior parte das pessoas que acham que é possível dar um jeitinho.
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