Entre 2013 e 2017, a Polícia Federal concluiu 1.729 inquéritos sobre corrupção. Desses, apenas 473 levaram ao indiciamento de pelo menos um dos investigados. Ou seja, 73% das investigações da PF sobre corrupção nesse período resultaram em nada.
Os dados obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo via Lei de Acesso à Informação revelam um problema do modus operandi dos investigadores brasileiros. Os acusados tiveram em muitos casos suas vidas expostas, sendo tratados na mídia e pelos acusadores como bandidos. Porém, ao final da investigação, faltam provas.
"Importa mais o holofote lançado sobre determinados membros do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e até do Poder Judiciário do que os resultados que as investigações e eventuais denúncias possam produzir para o avanço institucional", critica o jornal.
Um exemplo citado como paradigmático pelo Estadão é a delação do Grupo Odebrecht, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Chamada de "delação do fim do mundo", o acordo levou à corte suprema 83 inquéritos abertos pela PGR contra 108 autoridades com foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
Porém, até agora, só um dos investigados se tornou réu, o senador Romero Jucá (MDB-RR). Ele responde por corrupção e lavagem de dinheiro por supostamente ter pedido e recebido R$ 150 mil em troca de favorecimento da Odebrecht na tramitação de duas medidas provisórias em 2014.
Revista Consultor Jurídico, 2 de maio de 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário