Mais de 300 donas de casa de Maringá e região (29 cidades atendidas pela 15ª Regional de Saúde) estão com aids. Elas somam 20% do total de casos da doença, segundo dados do Serviço Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids), do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Maringá, que coordena o atendimento regional.
"Para se ter ideia do que significa esse número, basta dizer que as prostitutas ocupam a 13ª posição desse ranking", informa a coordenadora do serviço, Eliane Aparecida Tortola Biazon. O CTA atende entre 350 e 400 pessoas por mês e tem registrado de 7 a 10 novos casos positivos mensalmente.
Os números mostram que a aids vem crescendo na região, principalmente entre heterossexuais na faixa etária de 20 a 59 anos. A maior incidência é de homens de 30 a 39 anos. Há 581 casos casos confirmados, em tratamento, o que corresponde a um terço do total. A segunda faixa com mais registro de contaminações vai de 40 a 50 anos, com 508 casos. E, de 20 a 29 anos, há 363 casos.
Outro dado do CTA que chama a atenção é a proporção de homens e mulheres contaminados. Na faixa etária de 20 e 59 anos, onde há maior concentração de casos, há dois homens com aids para cada mulher. Mas de 13 a 19 anos, esse número se inverte: duas meninas para cada menino contaminado.
Para a coordenadora do DST/Aids, a doença vem crescendo assustadoramente entre os adolescentes e afetando principalmente as meninas por serem mais vulneráveis. "A anatomia da mulher facilita mais a contaminações em geral. E os adolescentes até têm informações sobre prevenção, sobre como evitar contágio, mas tudo isso cai por terra quando entra a confiança. Aí entra o romantismo e a camisinha sai pela janela", explica Biazon.
A coordenadora lembra, entretanto, que apesar dos riscos e da doença continuar avançando, ela não representa mais uma sentença de morte. "Se diagnosticada precocemente é possível passar a vida com a doença e morrer de outra causa. Mas é preciso diagnosticar cedo."
Perfil
M. A. C., 53 anos, encaixa-se no perfil dos novos pacientes de aids em Maringá e região. Dona de casa, casada há mais de 30 anos, conta nunca ter tido uma experiência sexual fora do casamento, não ter feito transfusão de sangue e nem qualquer outro contato passível de contaminação. Mesmo assim, descobriu, durante exames de rotina, que está com aids.
M. A. C., 53 anos, encaixa-se no perfil dos novos pacientes de aids em Maringá e região. Dona de casa, casada há mais de 30 anos, conta nunca ter tido uma experiência sexual fora do casamento, não ter feito transfusão de sangue e nem qualquer outro contato passível de contaminação. Mesmo assim, descobriu, durante exames de rotina, que está com aids.
"Comecei a sentir zonzeiras e dores de garganta. O médico, de primeiro momento, achou que o problema pudesse estar relacionado à menopausa. Depois apareceram manchas na pele e aí me recomendou um exame de aids. E deu positivo", conta.
Em tratamento há pouco mais de 1 ano, a dona de casa descobriu ter sido
CASAL
“Ele jura que não
sabe como se
contaminou. Fazer
o quê, não é? Mas
estamos bem”
M.A.C., 53 anos
Dona de casa
sabe como se
contaminou. Fazer
o quê, não é? Mas
estamos bem”
M.A.C., 53 anos
Dona de casa
A história de M. A. C. tem se tornado recorrente e nem sempre com um final feliz. Dados do CTA mostram que 40% dos casos de aids na região foram diagnosticados no mesmo ano da morte. "Esse número cai para 10% de óbitos para os casos diagnosticados há mais de 1 ano; menos de 5% para os casos descobertos há mais de 2 anos e para 0,5% para os disgnósticos feitos há mais de 7 anos", completa. "Por isso é muito importante que as pessoas nos procurem, façam o exame, busquem o diagnóstico e, confirmada a contaminação, iniciem o tratamento, que é totalmente gratuito", frisa Eliane.
FUNCIONAMENTO
O Centro de Testagem e Aconselhamento de Maringá, na Policlínica Zona Sul, funciona de segunda à quinta-feira, das 7h30 às 17h, sem pausa para almoço. O endereço é Rua Tabaete, esquina com a Rua Assumpção, no Jardim Tabaetê. Não precisa agendar, nem apresentar qualquer encaminhamento médico, basta chegar no balcão, com um documento para ser atendido. Se optar pela testagem de HIV, o resultado sai em 15 minutos. Se optar pelo exame convencional, que diagnostica além do HIV, sífilis e as hepatites B e C, o prazo para o resultado é de 10 dias.
O Diário do Norte do Paraná. 02 de dezembro de 2011.
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