Levantamento mostra que quase um terço dos jovens dos EUA vai para a cadeia por delitos mais graves que infrações de trânsito.
Quase um terço dos americanos são presos por cometer um crime até os 23 anos, de acordo com um novo estudo. Os pesquisadores afirmam que este número pode revelar a crescente exposição dos americanos ao sistema de justiça criminal na sua vida cotidiana.
O estudo, o primeiro desde os anos 1960 a analisar a quantidade de prisões feitas entre uma amostra nacional de adolescentes e jovens adultos ao longo de suas vidas, constatou que 30,2% dos jovens de 23 anos já foram presos por um delito maior que uma infração de trânsito.
Esse número é significativamente maior que os 22% registrados em 1965, quando um estudo examinou o mesmo problema usando métodos diferentes. O aumento pode ser um reflexo de um sistema judicial cada vez mais agressivo, segundo os pesquisadores.
O estudo não analisou diferenças raciais ou regionais, mas outras pesquisas têm revelado taxas mais altas de prisão entre homens negros e jovens que vivem em áreas urbanas pobres.
Especialistas em justiça criminal afirmaram que 30,2% é uma taxa especialmente notável num momento em que as empresas, ajudadas pela internet, rotineiramente conduzem verificações de antecedentes criminais de candidatos a vagas de emprego.
"Esta estimativa fornece uma sensação real de que a proporção de pessoas que têm registros de antecedentes criminais é considerável e, talvez, muito maior do que a maioria das pessoas esperam", disse Shawn Bushway, criminologista da Universidade Estadual de Nova York, em Albany, e co-autor do estudo divulgado na revista Pediatrics.
O estudo analisou dados coletados como parte da Pesquisa Nacional Longitudinal da Juventude promovida pelo governo federal. Os 7.335 participantes formam uma representação nacional, variando entre 12 e 16 anos no momento em que foram incluídos no levantamento, em 1996. As primeiras entrevistas foram realizadas em 1997 e o acompanhamento foi feito anualmente desde então.
Os pesquisadores descobriram que a probabilidade de uma primeira prisão acelera no final da adolescência e início da idade adulta - aos 18 anos, 15,9% dos participantes relataram ter sido presos - e depois começa a diminuir à medida que os jovens entram na casa dos 20 anos.
Robert Brame, professor de justiça penal e criminologia na Universidade da Carolina do Norte, Charlotte, e principal autor do estudo, disse esperar que a pesquisa seja um alerta para os médicos para sinais de que seus pacientes mais jovens estão em risco.
"Sabemos que a prisão ocorre em um contexto", disse Brame. "Há outras coisas acontecendo na vida das pessoas no momento em que elas são presas e essas coisas não são necessariamente boas."
Por Erica Goode. Último Segundo.
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