quarta-feira, 24 de abril de 2019

Plataforma virtual de combate à violência doméstica vai atender vítimas e propor soluções

O robô Glória foi lançado nesta terça-feira na Câmara. O combate à violência doméstica também foi discutido em audiência pública da comissão externa dedicada ao tema
Divulgação
eu sou glória, avatar
Robô Glória fará interação com usuárias vítimas de violência
Para ajudar as mulheres vítimas de violência a conseguirem atendimento sem perderem o anonimato, a Câmara lançou nesta terça-feira (23) o Projeto Glória, uma plataforma de inteligência artificial. A iniciativa é da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e o projeto foi idealizado pela professora da Universidade de Brasília Cristina Castro-Lucas.
O objetivo, segundo ela, é garantir o acesso a informações ao maior número de mulheres possível. "Eu sempre atuei em projetos sociais para a inserção de mulheres, para reinserção no mercado de trabalho, para ajudar a entender a vulnerabilidade e a violência. Mas, uma coisa me incomodava muito eu conseguia trabalhar com 500, com 1.500, mas eu achava sempre um número pequeno porque quantos habitantes temos no mundo e quantos deles são mulheres?"
Cristina reuniu empresas das áreas social e de tecnologia e criaram a robô Glória por meio de interfaces inteligentes e de autoaprendizagem, a partir de um conjunto de algoritmos capazes de evoluir com interações em linguagem natural com o usuário.
Por meio de experiências de interação com uso de inteligência artificial, os usuários poderão vivenciar comportamentos e atitudes de uma pessoa real. A robô Glória entenderá os fatos abordados e identificará soluções para a quebra do ciclo de violência contra mulheres e meninas.
A intenção é alcançar mais de 20 milhões de pessoas, e gerar relatórios com segmentação por faixa etária, local, dados socioeconômicos e padrão de ocorrências. Esses dados poderão subsidiar políticas públicas voltadas para o combate da violência contra mulheres.
O Projeto Glória pode ser acessado experimentalmente pelas redes sociais Facebook e Instagrampelo perfil @eusouagloria.

Em 2017, foram registradas 221.238 denúncias de violência doméstica contra mulheres. As mortes consideradas feminicídio somaram 1.133 casos.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre as atuações no enfrentamento à violência contra as mulheres e feminicídio
Audiência pública da comissão externa de combate à violência doméstica contra mulher
Audiência Pública
Representantes de organizações dedicadas ao atendimento de mulheres vítimas de violência cobraram apoio do poder público no enfrentamento do problema. Elas participaram de audiência pública da comissão externa de combate à violência doméstica contra mulher nesta terça-feira (23). 

A presidente da ONG Artemis, Raquel Marques, alertou para o perigo do desmonte de estruturas dedicadas à assistência social. "Não dá para falar em Estado mínimo, não dá para falar em contenção de gastos, não dá para falar em cortar da assistência social, se nós queremos falar em erradicar a violência contra a mulher", defendeu.

Ela afirmou que o feminicídio é o fim de uma cadeia de violência e que não pode ser discutido isoladamente. “É preciso que as pequenas agressões como ameaças e ofensas sejam consideradas como tal para que o crescente da violência não chegue até a morte de uma mulher”.

Aos 19 anos, Bárbara Penna teve o corpo queimado enquanto dormia, e ao acordar e pedir socorro foi jogada do terceiro andar pelo ex-companheiro. O ano era 2013, mas até hoje o agressor não foi julgado e Bárbara continua sofrendo ameaças por parte da família dele.

Hoje, aos 25 anos, ela coordena uma ONG que tem o seu nome e que atende mulheres em situação de risco. Ela reclama da falta de compromisso e apoio dos representantes do poder público.

"E eu estou praticamente há quatro, cinco anos pós tragédia participando de palestras, participando de reuniões, participando de encontros com inúmeros deputados, com pessoas famosas, pessoas que têm o poder na mão, mas eu percebo que quanto mais o tempo passa, mais fica só na conversa", lamentou.

Para a deputada Flávia Arruda (PR-DF) os debates na comissão trazem subsídios para o trabalho parlamentar. "Nosso diálogo enriquece e indica como devemos atuar daqui para frente."

De acordo com os Relógios da Violência, desenvolvidos pelo Instituto Maria da Penha, uma mulher é vítima de violência física ou verbal a cada dois segundos no Brasil. A maior parte dos casos é reincidência.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog