Deputados da Comissão de Seguridade Social e Família pretendem criar um grupo de trabalho para discutir políticas públicas de prevenção ao suicídio. Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que em 2012 foram 11.821 casos no Brasil. No mesmo ano, ocorreram mais de 800 mil casos em todo o planeta.
A OMS, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), recomenda aos países o desenvolvimento de estratégias de prevenção – atualmente, apenas 28 países possuem iniciativas neste sentido.
Em audiência pública nesta quinta-feira (8), o professor Fábio Gomes de Matos, da Universidade do Ceará, explicou que as medidas adotadas no Brasil são insuficientes. Em 2006, o Ministério da Saúde editou uma portaria (1.876) com algumas diretrizes.
“Quantas mortes a dengue provocou? No Brasil, em 2013, foram 235. Temos políticas públicas para evitar 235 mortes, mas não temos para evitar 12 mil mortes. A gente precisa mudar esse paradigma”, afirmou o professor.
Diante dos dados, o deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) sugeriu a criação do um grupo de trabalho na Comissão de Seguridade Social e Família. Uma das ideias é discutir a capacitação de agentes comunitários de saúde para atuar também na prevenção a suicídios. “É algo absolutamente estratégico.”
O professor Fábio Matos disse acreditar que é possível, por exemplo, mudar a legislação para exigir medidas como: barreiras contra o suicídio em obras; proibição da comercialização de munições; e adoção de receituário digital para que o médico não forneça nova receita para um paciente que já obteve a prescrição de medicamento com outro profissional.
Casos no Brasil
Durante o debate, foram apresentados dados indicando que as taxas de suicídio aumentaram no Brasil, principalmente entre jovens de 15 a 19 anos. Na Região Norte, entre 2002 e 2012, o crescimento foi de 77,7%. A maior parte dos casos envolve homens (78% do total), mas avança entre as mulheres.
Segundo o especialista Ricardo Nogueira, o Rio Grande do Sul é há mais de 25 anos o estado com mais casos de suicídio no País, com cerca de mil mortes por ano. Os idosos são o perfil majoritário, mas aumentaram os casos entre adolescentes. A maior parte acontece aos domingos, no fim da tarde.
A jornalista Maya Veloso, do sistema Meio Norte de Comunicações, disse que o aumento dos casos na Região Norte fez com que o grupo passasse a divulgar o assunto, mas de maneira responsável, sem dar detalhes do método usado ou publicar fotos dos locais. Teresina é a segunda cidade com mais casos no Brasil proporcionalmente ao total de habitantes; a primeira é Florianópolis.
Atendimento por telefone
Robert Paris, presidente do Centro de Valorização da Vida, anunciou que em maio próximo deve estar em funcionamento em todo o País o telefone 188, em substituição ao 141, do CVV. O novo número é um convênio do centro com o Ministério da Saúde.
O CVV existe há 54 anos e conta atualmente com 2 mil voluntários. Segundo Paris, a ideia é oferecer um alívio, que deve ser seguido de um tratamento especializado.
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