quarta-feira, 18 de maio de 2011

“Marcha das Vagabundas”

Surgido recentemente em Toronto, Canadá, o movimento denominado “SlutWalks”, cuja tradução livre seria “Marcha das Vagabundas”, tem repercutido em vários países e retomado a discussão sobre uma das questões mais polêmicas em crimes sexuais contras as mulheres: a responsabilização da vítima pela violência sofrida.
O movimento de protesto começou após um policial canadense ter feito comentários polêmicos em uma palestra sobre segurança na Escola de Direito Osgode Hall. Nesta ocasião, o policial teria advertido as estudantes do sexo feminino sobre a forma de se vestir a fim de evitar ataques. Sua fala foi postada e reproduzida pela internet por diversos meios: “Disseram-me que eu não deveria dizer isso, mas as mulheres deviam evitar se vestir como vagabundas, para não se tornar vítimas...”.
A “Marcha das Vagabundas” foi criada por estudantes da universidade para protestar contra o policial e para chamar a atenção da sociedade como um todo para a cultura de responsabilizar a vítima por casos de abuso ou estupro.
“Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, independentemente se fazemos sexo por prazer ou trabalho”, explica o site do movimento.
Algumas passeatas foram organizadas, através de redes sociais como Facebook e Twitter, e têm conseguido reunir milhares de pessoas. A primeira “SlutWalk” ocorreu no mês passado e contou com a presença de mais de 3 mil participantes. No penúltimo sábado, 07 de maio, houve outro protesto, mas na cidade de Boston, Estados Unidos, que reuniu mais de 2 mil pessoas.
Após estas manifestações, o movimento ganhou força e tem se difundido por outras cidades do Canadá, assim como para outros países como Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha, Suécia, Holanda, Nova Zelândia e Argentina.
A discussão possui relevância na medida em que busca quebrar certos preconceitos e estereótipos que ainda existem na sociedade e, quem sabe, na comunidade jurídica. É inadmissível que à vítima seja atribuída parcela da culpa porque um comportamento é socialmente considerado inadequado ou exagerado. Pouco importa o comprimento da saia ou o tamanho do decote, nada disso serve de argumento para que uma mulher possa ser forçada a fazer algo que não queira.

(Érica Akie Hashimoto). IBCCRIM.

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