quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O filme que empresta o título a este artigo tem sido objeto de muitos comentários. Críticas positivas e negativas - mais positivas do que negativas - alcançaram tanto o objetivo comercial dos produtores – em razão do sucesso de bilheteria – como passou uma mensagem para a sociedade, mostrando em certo momento a face da hipocrisia dessa mesma sociedade.
O primeiro questionamento é o fato de serem vendidas mais de um milhão de cópias de fitas piratas, e assistido na clandestinidade por cerca de 11 milhões de pessoas. Com certeza, que tantos os compradores da pirataria como a platéia que participou da receptação, em sua maioria, se julgam pessoas de bem. Entendem tal comportamento como natural.
Antes da estréia do filme os 2 Filhos de Francisco já circulava uma cópia pirata no avião da presidência da República, o Aerolula. Desta vez foi o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que defendeu a pirataria como forma de disseminação da cultura. O exército tem uma máxima que diz: “a tropa é o espelho do chefe.” Discordo em gênero, número e grau do ponto de vista esposado pelo ministro, pois que, a cultura prioritária que deve ser disseminada é a da cidadania com responsabilidade, o que implica em não incentivar a contravenção.
Um governo sério e criativo, cuja competência fosse a tônica da sua administração, certamente que criaria mecanismos legais para que a cultura chegasse a todos os segmentos da população sem alimentar os cofres das máfias internacionais que fazem da pirataria um negócio bilionário, além do que um negócio escuso puxa outro. O jogo do bicho abriu as portas para o tráfico de drogas. E, foi partindo desta premissa, que se adotou na cidade de Nova York a tolerância zero.
João Ubaldo Ribeiro, em artigo publicado em um jornal da grande imprensa, afirma que nós, brasileiros, somos todos marginais. Uns menos, outros mais. Condenamos a corrupção, mas oferecemos bola para o guarda de trânsito que nos multa; propinas nas repartições para fazer os nossos processos andarem, invadimos sinais, faixa de pedestres, falamos ao celular e dirigimos sem cintos. Colocamos nossas crianças em perigo quando as conduzimos no banco dianteiro. Essas coisas são praticadas no dia – a - dia por pessoas ditas responsáveis e autoridades que deveriam dar exemplos.
Outro dia eu assisti a um cidadão que já ocupou altos cargos na Prefeitura de Cuiabá, parar na Praça Popular para o seu cachorro fazer necessidades. Sujou a praça contribuiu para aumentar o mau cheiro e saiu tranqüilamente como se não tivesse cometido nada irregular. Coisa impensável num país de primeiro mundo. Certamente, ele compraria uma cópia pirata do filme.
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De 120 mil crianças em abrigos, 24% estão lá por conta da pobreza das famílias, justificou a subsecretária de Promoção dos Direitos da Crianças e do Adolescente da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Carmen Oliveira.
PAC da Criança dará bolsa de R$1,5 mil a família que decidir retomar os filhos que foram deixados em abrigos.
26 novas unidades de internação serão construídas em todo o País; outras 23 passarão por reformas.
80% dos jovens que cumprem medida socioeducativas estão em famílias com renda de até 2 salários mínimos; 51% não frequentam a escola; 49% não trabalham; 60% são negros e 90% são homens.

Fonte: PARAGUASSÚ, Lisandra. R$ 2,9 bi para educar jovens, arrumar abrigos e criar cadastro de adoção. O Estado de São Paulo, 11 out. 2005. Cidades/Metrópole, p. C5.

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Como um bolo pequeno e que jamais cresce, destinado a ser comido somente pelos que estão sentados à mesa?
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O que esta ocorrendo? após tantos anos de condenação, inclusive por tratados internacionais, a tortura ganha apoio da opinião pública no Brasil e no Mundo?
Existe uma convenção Internacional contra a tortura, endossada por 144 países. Faltam as assinaturas de Coréia do Norte, Mianmar, Sudão e para surpresa de muitos, Índia. Mas nem os signatários cumpre um acordo.
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Huck provocou a adesão de quem acredita que o crime é fundamentalmente uma questão de mais policia, mais repressão e encarceramento dos criminosos.
Brado de guerra de uma sociedade embrutecida, que grita ou cochicha "pau neles".
As visões extremadas sobre o problema de segurança pública nos levam a um beco sem saida.
A idéia de que polícia boa é polícia violenta é um equivoco medonho.
No Rio de Janeiro, entre 2003 a 2006, mais de 4.30o pessoas morreram em confronto com a polícia. Nos EUA, a média anual é 200 pessoas.
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Quando as pessoas não podem sustentar-se na economia formal , ou sequer, nos setores informais, cresce a sua motivação para mudar para atividades ilegais. O colapso do mercado de trabalho para os homens menos qualificados tem levado número crescentes de homens para o crime, especialmente nos casos em que as atividades ilegais são faceis e lucrativas, como é o caso da industria de droga. Os tabus dominantes contra a atividade criminosa não podem sustentar-se por periados longos quando as outras opções de atividade são tão limitadas. Quanto aos mais pobres forem excluídos da perspectiva de salários dignos, assitência de sáude, educação apropriada e outras condições básicas de “vida, liberdade e busca de felicidade”, mais se mudarão finalmente para a econômia ilegal, e mais serao em último na´lise capturados pela máquina punitiva do sistema de justiça criminal.

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