Elencar a quantidade de escândalos ilícitos e os problemas que cada governo teve em suas administrações, parece ter se tornado o centro das conversas de bares, intervalo do trabalho, salões de beleza e da fértil internet. Eu reclamo. Todo brasileiro reclama, principalmente em época eleitoral. É desvio de dinheiro pra cá, contratação de familiares pra lá e assim, o brasileiro segue a vida, reclamando da eterna corrupção.
Em relatório da Transparência Internacional sobre percepção de corrupção, 81% dos brasileiros acreditam que os partidos políticos são corruptos. Numa escala de 1 a 5, a nota de corrupção dada para os partidos brasileiros é de 4,3. Mas será que “passar a perna” está restrito aos políticos?
A gente tem um rasa percepção de ver corrupção só no âmbito público e político. Quando olhamos para as corrupções que acontecem no nosso dia-a-dia (sim! elas existem aos montes), nem se quer percebemos o quanto praticamos corrupção, a ponto de se tornar rotina.
Sabe aquele recibo de taxi com o valor maior do que o real da corrida, para pedir reembolso da empresa?
E aquela meia nota que você emitiu para pagar menos imposto?
Quantas vezes você foi ao cinema ou a um show com carteirinha falsa, mesmo que seu tempo de faculdade já tivesse acabado?
Quantas vezes você dirigiu pelo acostamento, pela faixa de ônibus e estacionou em local proibido?
Eu não esqueceria de mencionar aquele atestado falso que você levou para a empresa, esqueceria?
Também não deixaria fora dessa lista, aquela capa de celular falsificada que você comprou na Paulista, deixaria?
E cá entre nós, aquela informação falsa da sua declaração do Imposto de Renda? Ficou perfeita, não ficou?
Você aceita e acha certo tudo isso? Uma pesquisa feita pelo IBOPE em 65 países, mostra que 21% citam a corrupção como o principal problema do mundo. No Brasil, esse índice é (obviamente) maior e chega a 29% de pessoas que consideram a corrupção o problema mundial mais grave.
Mas se a gente acha que corrupção é um problema tão crítico (e ele é), por que insistimos em mantê-lo no nosso dia-a-dia?
O cenário político que temos, escolher entre o sujo e o mal lavado, é só o reflexo do nosso jeitinho brasileiro. Se a briga polarizada dessas eleições está calcada em corrupção, a causa vem de longe. Vem da criação e de como fomos condicionados a situações corruptas desde criança. (Um abraço para aqueles pais que davam bebida alcoólica para os filhos e achava bonitinho!).
No começo do ano, a Controladoria-Geral da União criou uma campanha para as mídias sociais chamada “Pequenas Corrupções – Diga Não”. Com o objetivo de mostrar que corrupção está no nosso dia-a-dia e que depende de nós começar a combatê-las.
Viu só como você também tem uma veia corrupta. Admita. Em algum momento da sua vida, você praticou algum ato corrupto. Não podemos nos arrepender? Podemos edevemos. Precisamos começar a olhar para o próprio umbigo e entender que um Brasil melhor, começa com a gente, os brasileiros. Começa com recusar aquela grana para ganhar vantagem em algo, não comprando produto falsificado, começa com eu e você, admitindo que estamos no mesmo barco e que só juntos podemos sair dessa lama chamada corrupção.
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