Tema esteve em discussão pela Academia Pontifícia das Ciências, a pedido de Francisco
Cidade do Vaticano, 04 nov 2013 (Ecclesia) – A Academia Pontifícia das Ciências, da Santa Sé, apresentou hoje as conclusões da conferência internacional de dois dias sobre o tráfico de pessoas, que decorreu no Vaticano por iniciativa do Papa Francisco, apelando ao fim desta “escravidão”.
“Penso que o Papa fará algo importante com este material, uma mudança radical”, disse aos jornalistas o chanceler das Academias Pontifícias das Ciências e das Ciências Sociais, D. Marcelo Sánchez Sorondo. A iniciativa que decorreu entre sábado e domingo contou com a colaboração da Federação Mundial das Associações de Médicos Católicos e desenvolveu o tema ‘Tráfico de seres humanos, escravatura moderna’. O chanceler declarou que os trabalhos deixaram muitas propostas para enfrentar uma “situação dramática”, em particular no que diz respeito à “prostituição”. “Alguns observadores acreditam que o tráfico humano irá ultrapassar o tráfico de drogas e armas em 10 anos, tornando-se a atividade criminosa mais lucrativa no mundo", indicou. A Organização Internacional do Trabalho estima que haja 20,9 milhões de pessoas sujeitas a trabalho forçado e que cerca de dois milhões se vejam obrigadas a prostituir-se. Outra das preocupações apresentadas pelo Vaticano foi o tráfico de órgãos, que pode envolver cerca de 20 mil pessoas. “Foi o próprio Papa Francisco a pedir a realização deste seminário e vieram pelo menos duas pessoas que, em várias situações e durante muitos anos, trabalharam com ele quando era arcebispo de Buenos Aires”, disse D. Marcelo Sánchez Sorondo. O professor Werner Arber, presidente da Academia Pontifícia das Ciências, afirmou que as várias formas de “manipular os seres humanos por interesse económico foram consideradas como formas modernas de escravidão”. O presidente da Federação Mundial das Associações de Médicos Católicos, José Maria Simon Castelvì, declarou por sua vez que é necessária uma “mudança de época” em relação à prostituição, “uma forma de traficar seres humanos”. “Há séculos que se tolera, mas vimos que (a prostituição) deve desaparecer”, acrescentou. Em maio, numa audiência aos responsáveis do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), da Santa Sé, o Papa condenou o tráfico de seres humanos, que considerou uma “vergonha”. “O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas: exploradores e clientes, a todos os níveis, deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si e diante de Deus”, declarou. As questões do trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e outros tráficos criminosos vão ser debatidas numa conferência global, em 2015, de acordo com os responsáveis da Academia Pontifícia das Ciências. OC |
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