quinta-feira, 8 de março de 2012

O DIA INTERNACIONAL DA MULHER E OS EXEMPLOS DE MULHERES CORAGEM


Por Milton Corrêa da Costa *
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(Neste 08 de março, Dia Internacional da Mulher, vale conhecer a história de vida da ex- esposa de Guimarães Rosa, a luta da magistrada corregedora do Conselho Nacional de Justiça e o trabalho de uma Major da PM do Rio de Janeiro)
ARACY MOEBIUS DE CARVALHO GUIMARÃES ROSA
Paranaense, nasceu em Rio Negro, e ainda criança foi morarcom os pais em São Paulo. Em 1930, Aracy casou com o alemão Johan von Tess, comquem teve o filho Eduardo Carvalho Tess, mas cinco anos depois se separou, indomorar com uma irmã de sua mãe na Alemanha. Por falar quatro línguas (português,inglês, francês e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro emHamburgo, onde passou a ser chefe da Secção de Passaportes.
No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a CircularSecreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou acircular e continuou preparando vistos para judeus, permitindo sua entrada noBrasil. Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre apapelada para as assinaturas. Para obter a aprovação dos vistos, Aracysimplesmente deixava de pôr neles a letra J, que identificava quem era judeu.
Nessa época, João Guimarães Rosa era cônsul adjunto. Elesoube do que ela fazia e apoiou sua atitude, com o que Aracy intensificouaquele trabalho, livrando muitos judeus da prisão e da morte.
Aracy permaneceu na Alemanha até 1942, quando o governobrasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país e passou a apoiar osAliados. Seu retorno ao Brasil, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosaficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados pordiplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram, então, no México, por nãohaver ainda, no Brasil, o divórcio. O livro "Grande Sertão: Veredas",de João Guimarães Rosa (1956), foi dedicado a Aracy.
Sua biografia inclui também ajuda a compositores eintelectuais durante o regime militar implantado no Brasil em 1964, entre elesGeraldo Vandré, de cuja tia Aracy era amiga.
Aracy ficou viúva no ano de 1967 e não se casou novamente.Sofria de Mal de Alzheimer e morreu no dia 3 de março de 2011 em São Paulo, decausas naturais, aos 102 anos.
Fonte: Site Brasilianas. Org
ELIANA CALMON
Ao liderar a luta pela devolução ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), conforme recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), do direito de investigar magistrados, independentemente das ações nas corregedoroias estaduais, a ministra Eliana Calmon, corregedora do CNJ, ganhou a admiração de todos os brasileiros paela luta obstinada em favor da transparência no Poder Judiciário. E, mais, para o bem da democracia, processos disciplinares contra juízes serão julgados agora em sessão pública. Uma ato de coragem que marcou a história do fim do corporativismo, indesejável em qualquer dos Poderes da Reepública e em classes prosissionais. Todos, de uma vez por todas, são agora ioguais perante a lei. Paro bem da democaracia, o princípio da transparência dos atos públicos, a começar pelo Poder Judiciário, foi restabelecido. A ética, a coragem e o elevado espírito de patriotismo demonstrados pela insigne ministra Eliana Calmon, são exemplos positivos deixados para as novas gerações. Eliana Calmon é uma mulher coragem. O Estado.Democrático de Direito saiu pois vitorioso pela luta obstinada e incansável de uma valorosa mulher. .
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PRICILLA DE OLIVEIRA AZEVEDO
Ela é negra, corpo seco e musculoso, cabelos sempre presosnum coque bem apertado e, de enfeites, apenas gloss e discretos brincos nasorelhas. Tem 1,65 metro e não deve pesar muito mais do que 60 quilos. Não fossepor uma certa dureza, logo notada, a major da Polícia Militar Pricilla, de 34anos, poderia até ser descrita como uma mulher de aparência frágil. Engano.Depois de expulsar o tráfico do Morro Dona Marta, em Botafogo, como primeiracomandante de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio, ela ligou naterça-feira dos EUA, na hora do almoço, para contar ao secretário de Segurança,José Beltrame, outro feito. Meio sem jeito, disse que era uma das dezvencedoras do Prêmio Internacional Mulheres de Coragem 2012.
— Você é uma guerreira! — explodiu Beltrame ao telefone.
Não era para menos. Em 2008, ele colocara nas mãos de umaoficial da PM, ignorando resquícios machistas, o mais importante programa desegurança do governo.
Beltrame não esconde de ninguém a admiração que tem pelahistória de Pricilla de Oliveira Azevedo, de origem humilde, parecida com a dosmoradores da comunidade que protegeu por três anos. No início, chegou a andarde fuzil pelas vielas. Depois da pacificação, adotou a pistola. Mas a arma damajor sempre foi mesmo a conversa. Junto com a repreensão no olhar, eraimbatível. Pode parecer politicamente correta, mas, dizem, que se transformavaem operações policiais. Com a adrenalina, sobravam até palavrões.
Mulher coragem. O título faz sentido. Em 2007, ela sofreu umsequestro-relâmpago. Foi levada com uma arma enfiada na boca até uma favela emNiterói. Quando a identificaram como policial, ela apanhou. Na cara. E muito.Ficou cheia de hematomas. Mas conseguiu fugir. Catou um por um seus detratores;só falta um. Um dia chega o dia dele.
Estudante de direito, a major — que deixou até afilhados nafavela; e quantas Pricillas sem S não nasceram depois de sua passagem por lá? —só saiu do Dona Marta para assumir o desafio de cuidar de todos os projetosestratégicos da pasta.
O prêmio é um luxo para Pricilla, evangélica da Assembleiade Deus, criada no subúrbio. Será entregue nesta quinta-feira, Dia Internacionalda Mulher, pela secretária de estado americana, Hillary Clinton, em Washington.E terá como convidada especial ninguém menos que a primeira-dama MichelleObama. Pricilla também deverá ser cumprimentada por Leymah Gbowee e TawakkolKarman, que ganharam o Prêmio Nobel da Paz de 2011. O evento será no AuditórioDean Acheson do Departamento de Estado dos EUA. Em comum entre as premiadas,ações na área de direitos humanos, caso de Samar Badawi, ativista política daArábia Saudita, ou de Hawa Abdallah Mohammed Salih, do Sudão.
Fonte: Jornal 'O GLOBO'
EXEMPLOS
Aracy, Eliana e Pricilla são, pois, três belos exemplos de mulheres coragem a serem reverenciadas, entre bilhões de mulheres heróis e anônimas no mundo, neste O8 de março. Nossos calorosos aplausos a quem dá a luz da vida e os exemplos de coragem, amor, afeto, doçura e companheirismo. Parabéns mulheres pela lutas e conquistas.
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* Milton Corrêa ds Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

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