terça-feira, 5 de maio de 2009

Alcoolismo prejudica longevidade na Rússia

Mortes por doenças e acidentes de trânsito ligados ao álcool fazem com que a expectativa de vida no país caia, afirma relatório do PNUD

As mortes provocadas por consumo excessivo de álcool são uma das principais causas da baixa expectativa de vida da Rússia, segundo Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do país elaborado pelo PNUD.

Apesar de ser considerada uma nação de alto desenvolvimento humano, de acordo com os últimos dados sobre IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) a Rússia fica em 128º no quesito expectativa de vida, superada por países de IDH mais baixo, como Honduras e Cazaquistão. Em condição semelhante estão países mais pobres da África e Ásia como Paquistão, Índia e Senegal. A expectativa de vida para os russos é de apenas 65,2 anos, sete anos menor que a do Brasil. Para isso contribui uma alta taxas de óbitos. Com uma população de quase 150 milhões, o número de mortes, só em 2007, passou de 2 milhões. Não por acaso, a previsão da ONU no último Relatório de Desenvolvimento Humano é de que a população russa diminua até 2015, chegando a 136,5 milhões de pessoas.

Segundo o estudo do PNUD, um homem russo tem 50% de chances de morrer por problemas circulatórios e 18% por causas externas como acidentes de trânsito, homicídios e suicídios. Essas são as maiores causas de morte no país e estão ligadas ao alcoolismo, diz o relatório. O texto relaciona uma campanha contra o alcoolismo feita pelo governo em 1985 com o fato de a expectativa de vida de homens e mulheres ter subido em quase um ano no período, com redução nas ocorrências de doenças circulatórias, de acidentes, homicídios e suicídios.

“Certamente, o impacto do alcoolismo na mortalidade por doenças circulatórias e no total de mortes precisa ser mais bem investigado. Por enquanto, o problema não está sendo levado a sério nem pelo governo nem pela ciência na Rússia e literaturas pretensamente científicas tratam o alcoolismo como mito”, critica o documento. Só de acidentes de trânsito e envenenamento por álcool, morreram mais de 70 mil pessoas na Rússia em 2007. As mortes por acidentes de trânsito no país permanecem altas desde o fim da campanha antiálcool em 1987, enquanto na maior parte da Europa a queda foi brusca.

Saúde pública

Somados a baixos investimentos na saúde, tais problemas criaram no país uma “crise de mortalidade”. A mortalidade entre adultos de 15 a 60 anos vem crescendo desde os anos 60. Na época, os investimentos em saúde eram subestimados, diz o relatório, e assim permaneceram. Embora a mortalidade infantil e de idosos tenha caído nos últimos vinte anos, o patamar para os adultos se manteve alto.

Em 2005, o governo russo investiu na saúde cerca de US$ 500 para cada habitante. No mesmo ano, os homens com mais de 60 anos ganharam cerca de dois anos de expectativa de vida. No mesmo período, a Suíça destinou à saúde mais de US$ 4 mil por habitante, o que teria permitido aos homens suíços acima de 60 anos ganharem 18 anos em expectativa de vida.

“Existem duas prioridades no presente: aumentar as quantias gastas em saúde, e tornar o sistema mais eficiente social e economicamente. Estas estão entre as tarefas mais importantes para a sociedade russa nos próximos anos e não há tempo a perder”, conclui o relatório.


PNUD.

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