terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Presidente do STF defende ampliação da conciliação

O maior desafio da Justiça em 2009 é combater a mentalidade de que os conflitos só se resolvem com a interferência do Judiciário e o reconhecimento de direitos se dá apenas pela via judicial. Foi o que disse nesta segunda-feira (2/2) o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, ao abrir o ano judiciário.

Para o ministro, a judicialização excessiva faz inchar a máquina administrativa e torna o processo judicial mais lento. Gilmar Mendes afirmou que, se não houver uma redução da prática de submeter tudo ao Judiciário, “não haverá estrutura possível” capaz de dar conta da demanda.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, tramitaram no Judiciário em 2007 mais de 68 milhões de ações. Pelas contas do ministro, “é mais de uma demanda a cada dois habitantes e meio”. O presidente do Supremo louvou atitudes de órgãos estatais que orientam seus procuradores a desistir ou não recorrer de processos cujas teses já estejam pacificadas.

Gilmar Mendes abriu o ano judiciário ao lado dos presidentes de todos os tribunais superiores — Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça; Rider de Britto, do Tribunal Superior do Trabalho; e Flávio Lencastre, do Superior Tribunal Militar. O ministro da Justiça, Tarso Genro, representou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e do Senado, Garibaldi Alves, não compareceram à sessão por conta das eleições da mesa diretora das nas duas casas, mas mandaram mensagens, que foram lidas por Gilmar Mendes.

Pauta suprema

Em seu discurso, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou que espera que o Supremo reconheça o poder de investigação criminal do Ministério Público em 2009. E afirmou que o MP tem atuado na fixação de balisas para as investigações e abandonado posições extremamente corporativistas que militam contra o bom andamento da persecução penal e da fiscalização da lei.

Além do poder de investigação do MP, outras questões polêmicas aguardam o julgamento do Supremo. Nesta segunda-feira, o tribunal retoma os trabalhos analisando a proposta de súmula vinculante que garante o acesso de advogados a autos de inquéritos. A proposta foi submetida ao STF pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Ainda este mês, o Supremo deve retomar o julgamento da demarcação das terras indígenas da reserva Raposa Serra do Sol e julgará o refúgio político concedido pelo Poder Executivo ao ex-militante italiano Cesare Battisti. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que confia que o tribunal irá manter sua decisão.

O governo da Itália foi intimado nesta segunda sobre a decisão que permite sua manifestação nos autos da extradição de Battisti. O prazo é de cinco dias.

Outra importante questão que será encaminhada pelo Supremo este ano é a proposta de reforma da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman). O ministro Ricardo Lewandowski disse à revista Consultor Jurídico que ele e o presidente da comissão que estuda o projeto, ministro Cezar Peluso, conversaram e irão centrar esforços para apresentar a proposta no primeiro semestre.

Leia a íntegra do discurso.

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