sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A prisão é para quem?



"O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta terça-feira (13/11/12) que 'preferia morrer' a ficar preso um dia no sistema penitenciário brasileiro. Quando o ministro diz isso entendo que ele teve um surto de sinceridade. Eu trabalhei por mais de 15 anos dentro das prisões dando aula e fazendo trabalho de prevenção da Aids. Se tem uma coisa que conheço de perto é esse massacre humano, um retrato de todas as contradições que a sociedade tem. No que diz respeito ao grau de escolaridade dos presos brasileiros 5% são analfabetos, porém 46% apenas têm ensino fundamental incompleto, 0,7% tem nível superior incompleto e 0,4% tem ensino superior completo. Daí talvez a estranheza de muitos ao ver o julgamento do mensalão, porque há uma quebra de um paradigma. Mas é inadmissível que essa fala do ministro não venha acompanhada de autocríticas e de ações concretas para que as prisões deixem de ser espaço de horrores. Entre 95 e 2009 a população carcerária brasileira cresceu 318 %. Não acompanhou o crescimento da população, não. A proporção é absurda! O Brasil é a quarta população carcerária do mundo. No Brasil se prende muito. Não é o país da impunidade. A impunidade é para alguns setores -- da política. Pros pobres, é um dos países mais punitivos do mundo. Quem tá preso é jovem, pobre, negro e morador de periferia. Só esses que cometem crime ou só os crimes cometidos por esses é que geram privação de liberdade? Esse é o debate que o ministro tem que fazer e assumir. E não dizer que não passaria um dia lá", disse Marcelo Freixo, nesta quarta-feira (14/11/12), no plenário da Alerj.

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