O vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, defendeu o uso da asfixia simulada nos interrogatórios de suspeitos de terrorismo e, contrariando apelo internacional, pediu que a prisão americana de Guantánamo permaneça aberta até que a luta contra o terrorismo acabe.
Em uma entrevista polêmica à emissora de TV americana ABC, exibida nesta segunda-feira à noite, Cheney revelou ainda que ele sabia do uso da técnica de "waterboarding" (simulação de asfixia) no interrogatório de Khalid Sheikh Mohammed, o suposto mentor dos ataques de 11 de Setembro.
O vice-presidente defendeu a técnica --tida como tortura por grupos internacionais de direitos humanos-- é "notavelmente bem-sucedida" e acrescentou "que os resultados falam por si sós".
Cheney defendeu ainda a política militar do governo de George W. Bush e afirmou que "ninguém sabe quando terminará a luta contra o terrorismo".
"Os Estados Unidos sempre exerceram o direito de capturar inimigos e retê-los até o fim do conflito em guerras anteriores", disse o atual vice-presidente, que deixa o cargo em 20 de janeiro, quando o democrata Joe Biden assume.
Cheney afirmou ainda que, antes de fechar Guantánamo, o governo precisa encontrar um local para levar os cerca de 250 prisioneiros. "E ninguém resolveu este problema", disse.
Cheney também minimizou a importância da informação errônea de que o regime de Saddam Hussein contava com armas de destruição em massa --utilizada como justificativa para a invasão americana no Iraque, em 2003.
O próprio presidente Bush reconheceu recentemente que seu maior erro na Presidência foi acreditar nos relatórios da Inteligência sobre as armas de destruição em massa no Iraque.
Em entrevista concedida à mesma rede de TV, ele concordou que não estava preparado para a guerra quando assumiu o cargo, em 2001.
"Saddam Hussein ainda tinha a capacidade de produzir armas de destruição em massa. Tinha a tecnologia, tinha o pessoal, tinha os materiais necessários", afirmou Cheney, acrescentando que Washington manteria a invasão mesmo sabendo que Saddam não contava com um arsenal de armas de destruição em massa.
"Saddam tinha a intenção de retomar a produção [dessas armas], uma vez que as sanções internacionais fossem suspensas. Ele era um protagonista malvado, e o Iraque e o mundo estão em melhor posição com Saddam fora. Por isso, acredito que tomamos a decisão correta", concluiu Cheney, que ficou marcado como um dos vice-presidentes mais atuantes no governo americano.
Folha de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário