quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Fortalecimento de laços familiares é saída para prevenir violência infantil, diz especialista

Brasília - Os crimes cometidos contra crianças no Paraná nas últimas semanas provocaram o debate sobre a prevenção da violência infantil. O assunto é dos temas que será discutido por psicólogos, médicos e parlamentares na Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, aberta hoje (18) no Senado Federal.

Em entrevista à Agência Brasil, o psiquiatra e presidente da Federação Latino-Americana de Psiquiatria da Infância e Família, Salvador Célia, apontou como principal caminho para prevenir a violência infantil o fortalecimento dos laços familiares.

“Essa violência é reflexo do tipo de vida que os pais e os filhos têm hoje, sem uma interação forte. É preciso formar um vínculo mais seguro, buscar uma segurança afetiva. Uma família mais próxima, que conta o que está acontecendo, em que os pais brincam com seus filhos e eles se sentem amados é a melhor forma de proteção”, defendeu.

Para ele, o investimento na formação do cidadão precisa ser feito no início da vida. “Depois que as crianças já cresceram muito, algumas coisa não podem mais ser trabalhadas. Os estudos de hoje mostram que o desenvolvimento do cérebro, a formação de caráter, os valores morais, a noção do eu e da sociedade começam a ser formados ainda na gestação e principalmente nos primeiros anos de vida”, argumentou.

A psicóloga Elza Padua, presidente do Instituto Zero a Seis, dedicado a estudos sobre crianças nessa faixa etária, aponta alguns sinais que podem ser percebidos por pais cujos filhos estão sendo vítimas de algum tipo de violência.

“A criança sinaliza por recolhimento, por falta de empatia, por medos excessivos. Quando o outro não a acolhe, ela vai se recolhendo. Isso é um sinal de depressão e é importante saber que, da mesma forma como acontece com adultos, a depressão esconde alguma forma de violência”, indica.

Segundo a especialista, uma forma prevenir a violência contra a criança é fortaler sua auto-estima, que desenvolve-se nos primeiros anos de vida.

“A auto-estima da criança é um dos fatores importantes nesse processo de violência. Esse estado de resiliência [capacidade de passar por situações adversas sem prejuízo para o desenvolvimento] que algumas crianças possuem é resultado de uma afetividade nos primeiros anos. Esse olhar de responsabilidade sob a criança, o que é um direito dela, é uma urgência do adulto nesse novo mundo”, avalia

A Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz segue até sexta-feira do auditório Petrônio Portela do Senado Federal. A programação está disponível no site do evento.

Agência Brasil.

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