sexta-feira, 8 de maio de 2015

Brasil lidera em número de homicídios, mostra ferramenta virtual

Site mostra que País está em 11º em assassinatos na conta por 100 mil habitantes; cidade com mais mortes violentas é Ananindeua (PA)

Por Danielle Villela
O Brasil é líder mundial em números absolutos de homicídios e ocupa o 11º lugar do ranking considerando o índice de assassinatos a cada 100 mil habitantes. Com 56.337 homicídios ocorridos em 2012, o país registrou 29 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, número quase cinco vezes maior do que o índice mundial (6,2). As estatísticas fazem parte do Observatório de Homicídios, plataforma de visualização de dados online lançada nesta quinta-feira, 7, pelo Instituto Igarapé, organização sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro.
Por meio de um globo tridimensional, o site reúne informações de 215 países e territórios, entre os anos de 2000 e 2012. Honduras (85,5), Venezuela (53,7), Ilhas Virgens Americanas (52,6), Belize (44,7) e Jamaica (40,6) lideram o ranking global com os maiores índices de homicídios para cada 100 mil habitantes. Em números absolutos de assassinatos, atrás do Brasil aparecem Índia (43.355), Nigéria (33.817), México (25.967) e República Democrática do Congo (18.586).
Para 39 países da América Latina e do Caribe, a ferramenta também exibe dados discriminados para cada estado e para cidades com mais de 250 mil habitantes. Entre as 50 cidades com maiores índices de homicídios na região, 22 estão no Brasil, incluindo capitais como Maceió (AL), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Salvador (BA).
“Temos cidades que alcançaram níveis estapafúrdios, com taxas de homicídios superiores às registradas em zonas de conflito. É sinal de que há algo errado e que algo precisa ser feito”, disse Renata Giannini, pesquisadora do Igarapé e coordenadora do projeto.
No Brasil, a cidade que lidera o ranking de homicídios é Ananindeua, a 19 quilômetros de Belém, no Pará, com 125,6 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar aparece Maceió (AL) com índice de homicídios de 89,9, seguida por Serra (ES) com 89,4, Camaçari (BA) com 81,8 e Fortaleza (CE) com 76,8. O Rio de Janeiro ficou na 71ª posição e São Paulo na 88ª.
Alagoas é o estado com maior índice de homicídios, com 64 assassinatos a cada 100 mil habitantes, enquanto Santa Catarina tem o menor índice (12,8).
Embora tenha apenas 8% da população mundial, a América Latina e o Caribe concentram 33% do número de homicídios globais. Para cada cinco pessoas assassinadas no mundo, uma era brasileira, colombiana, mexicana ou venezuelana. “Há uma curva ascendente nos homicídios na América Latina, enquanto no restante do mundo os números vêm caindo. De fato passamos por uma epidemia de violência global”, afirmou Renata.
Os números, no entanto, não consideram mortes diretamente relacionadas com operações militares, conflitos armados ou guerras, seguindo o critério adotado pelo Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC).
Para os países em que há dados disponíveis, o Observatório de Homicídios também informa estatísticas sobre o gênero e idade das vítimas, além da arma utilizada no assassinato. No Brasil, aproximadamente 92% das vítimas eram homens e 54% tinham entre 15 e 29 anos, sendo o homicídio a principal causa de mortes entre pessoas nessa faixa etária. Em todo o mundo, foram registrados 437 mil homicídios em 2012, sendo 78,7% das vítimas homens.
Em nota, a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, afirmou que “ações como essa ajudam os governos na sensibilização sobre o tema e na formulação de políticas públicas. A redução de homicídios é prioridade para a União, especialmente nas ações de segurança pública”.
Fundado em 2008, o Instituto Igarapé atua nas áreas de segurança, política sobre drogas e cooperação internacional. A principal fonte de dados utilizada no desenvolvimento do Observatório de Homicídios foi o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), além dos governos e organizações não governamentais locais.
O Observatório de Homicídios pode ser acessado pelo seguinte link:
Estadão. 07.05.2015.

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