quinta-feira, 30 de abril de 2015

Procurador da Indonésia justifica execuções com 'guerra' contra drogas

Brasileiro Rodrigo Gularte foi fuzilado nesta terça no país.
'Estamos em guerra contra os horríveis crimes vinculados às drogas', disse.


O procurador-geral da Indonésia defendeu nesta quarta-feira (29) as execuções de sete condenados por narcotráfico, inclusive o brasileiro Rodrigo Gularte, afirmando que a medida faz parte da "guerra" do país contra as drogas.
"Estamos em guerra contra os horríveis crimes vinculados às drogas, que ameaçam a sobrevivência da nossa Nação", declarou Muhammad Prasetyo à imprensa em Cilacap, cidade portuária que dá acesso à ilha de Nusakambangan, onde ocorreram as execuções na madrugada de quarta-feira.
Gularte foi morto na madrugada de quarta-feira (29), pelo horário local – tarde desta terça-feira (28) no horário de Brasília. A pena foi executada por um pelotão de fuzilamento. Também foram fuziladas outras sete pessoas, de diferentes nacionalidades, condenadas pelo mesmo crime.
O governo brasileiro divulgou nota na tarde desta terça na qual diz ter recebido com "profunda consternação" a notícia da execução na Indonésia do brasileiro e transmite "solidariedade" à família. Ele é o segundo brasileiro fuzilado por tráfico de drogas na Indonésia – o primeiro foi Marco Archer, em janeiro. De acordo com a nota, as execuções dos dois brasileiros representam "fato grave" nas relações entre os dois países.
Segundo o texto, a morte de Gularte é "fato grave" nas relações entre Brasil e Indonésia. A nota diz que o Brasil trabalhará nos organismos internacionais de direitos humanos pela abolição da pena de morte.
A Austrália também se manifestou após as execuções, anunciando que convocou seu embaixador na Indonésia para consultas após a execução de dois de seus cidadãos serem executados por fuzilamento.
Os australianos Myuran Sukumaran e Andrew Chan, a exemplo do brasileiro Rodrigo Gularte, foram condenados à morte pelo crime de tráfico de drogas. O governo australiano tentou salvar a vida dos dois de diversas formas, por se opor à pena capital, mas não teve sucesso.
Mais críticas
A Indonésia também recebeu críticas da Anistia Internacional, que classificou as execuções como "reprováveis". Segundo a organização, vários presos não tiveram acesso a advogados competentes e intérpretes durante a detenção e a fase inicial do julgamento.

Sobre o Gularte, a AI criticou o fato de o brasileiro ter sido fuzilado mesmo diagnosticado como esquizofrênico.
O governo indonésio, por outro lado, minimizou as críticas e pediu respeito à legislação do país.
"Nossa lei deve ser respeitada. Nós respeitamos a soberania das leis em outros países", disse o presidente Joko Widodo.
A ministra das Relações Exteriores, Retno Marsudi, se mostrou confiante em manter "as boas e importantes" relações com a Austrália, enquanto o vice-presidente, Jusuf Kalla, alertou que Canberra seria mais prejudicada no caso de um conflito diplomático.
"Importamos mais da Austrália. Portanto, se eles congelarem as relações comerciais, sairão perdendo", disse Kalla em declarações divulgadas pelo "Jakarta Post".
As reprovações do Brasil e a Austrália contrastam com o agradecimento das Filipinas após o adiamento da execução de Mary Jane no último momento, solicitada por Manila depois de a mulher que supostamente recrutou a condenada ter se entregado à polícia ontem.
"É um alívio que a execução não tenha ocorrido nesta noite. Nossas preces foram atendidas", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores das Filipinas, Charles José, segundo o site "Rappler".
Os filipinos apresentaram Mary Jane como uma vítima do tráfico de pessoas, apresentando Maria Cristina Sérgio como responsável por recrutá-la para viajar para a Indonésia levando 2,6 quilos de heroína na bagagem.
No entanto, Widodo esclareceu que a sentença imposta à Mary Jane não foi alterada.
"Há uma cara das Filipinas que expõe um caso de tráfico de pessoas. Isso é um adiamento (da execução), não uma anulação", disse o presidente.

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