terça-feira, 11 de novembro de 2014

Paraná é o quinto estado onde a polícia mais mata

O Paraná é o quinto estado do país onde a polícia mais matou em serviço em 2013. A cada 100 mil habitantes paranaenses, foi registrada 1,4 morte por policiais militares ou civis em serviço. O estado fica atrás do Rio de Janeiro (2,5), Bahia (2,1), Pará (1,9) e São Paulo (1,5). Os dados são da 8.ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado hoje pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Se considerados os números absolutos de mortos pela polícia, o Paraná registrou 151 óbitos em 2013. São Paulo lidera com 635 mortes, seguido do Rio de Janeiro, com 416 mortes, Bahia, que soma 313 mortes, e Paraíba, com 152 óbitos. Se levados em conta apenas as mortes causadas por policiais militares em serviço, o Paraná é o segundo estado que mais registrou ocorrências, empatado com o Pará (com 1,3 morte a cada 100 mil habitantes) e na frente da Bahia (1,6).
O exemplo mais recente dessa estatística em Curitiba é o caso da estudante Bárbara Silveira Alves, 16 anos, que morreu vítima de uma bala perdida de um suposto confronto entre policiais e criminosos, no bairro Santa Cândida, quando saía da escola, no início de outubro. Laudo do Instituto de Criminalística comprovou que a bala saiu da arma de um dos policiais.
Para o sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Cesar Bueno, é necessária uma atuação mais inteligente e preventiva por parte da polícia. “Mas os números vão na contramão e mostram que a polícia está mais violenta”, afirma o professor. “Uma das causas está na própria cultura e educação da sociedade, que autoriza o estado a matar em seu nome cada vez mais frequentemente. É um desafio que só pode ser superado com educação e cultura”, ressalta Bueno.
Dados
Apesar das constatações do levantamento, é importante lembrar que o estudo não tem uma confiabilidade alta, já que informações de vários estados – Roraima, Sergipe, Tocantins e Rio de Janeiro – estão incompletas. Segundo a ONG, todos os dados foram requisitados por meio da Lei de Acesso à Informação, mas muitos estados não responderam. “Por isso, só entraram os dados absolutos referentes a esses estados, que conseguimos com o Ministério da Justiça”, explica Patrícia Nogueira, coordenadora institucional da ONG.
Dinheiro
Gasto per capita com segurança é o oitavo pior
O Paraná é o quinto estado da União que mais gastou com segurança pública em 2013, segundo o anuário do FBSP. Foram R$ 2,32 bilhões, um aumento de 13,85% em comparação a 2012, quando foram usados R$ 2,04 bilhões na área. Esse montante, porém, não é sinônimo de investimento, mas de despesas em geral com a pasta. Do total, de acordo com a ONG que fez o levantamento, 92% foram destinados ao policiamento, 5% para a Defesa Civil, 2,5% foram para a subárea de informação e inteligência e o restante, em demais funções.
Quando observados os gastos com segurança de maneira proporcional ao número de habitantes, o Paraná está na oitava pior posição do país. Aplicou R$ 210,98 na pasta por habitante em 2013.
Em termos absolutos, São Paulo foi o estado que mais gastou com segurança pública no ano passado, com R$ 9,27 bilhões, seguido do Rio de Janeiro (R$ 7,03 bilhões) e Minas Gerais (R$ 5,94 bilhões).
Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) disse que aguardará a publicação do novo anuário, hoje, para poder tecer análises mais precisas sobre os dados.
5 anos em 20
A polícia brasileira matou uma média de cinco pessoas por dia nos últimos cinco anos. Foram ao menos 9.691 óbitos provocados por agentes policiais em serviço entre 2009 e 2013, bem mais do que a polícia norte-americana matou ao longo de 20 anos – 7.584. Para o FBSP, isso mostra que a revisão dos padrões de atuação das forças policiais brasileiras é urgente. “ A maioria dos estados ainda gasta muito com um modelo de policiamento ostensivo, que visa o enfrentamento, quando o mais correto seria priorizar a prevenção”, frisa Patrícia Nogueira, coordenadora institucional da ONG.

Fonte: LUAN GALANI - Gazeta do Povo

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