sexta-feira, 21 de março de 2014

"Novas gerações olharão para os presídios como campos de concentração", diz juiz

João Marcos Buch, coordenador do mutirão carcerário no Central ficou estarrecido com a precariedade do local

Menos de 5% dos processos de detentos do Central foram modificados após revisão coordenada pelo CNJ<br /><b>Crédito: </b> Mauro Schaefer / CP Memória
Menos de 5% dos processos de detentos do Central foram modificados após revisão coordenada pelo CNJ
Crédito: Mauro Schaefer / CP Memória
Depois de visitar o Presídio Central de Porto Alegre , o juiz catarinense João Marcos Buch, coordenador do Mutirão Carcerário no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), declarou que "daqui a 50, 100 anos, as novas gerações olharão para o início do século XXI e dirão ‘eles conviviam com campos de concentração’". Em entrevista à Rádio Guaíba nesta sexta-feira, Buch explicou que um relatório será encaminhado para análise do CNJ e poderá embasar ações do Ministério Público e Defensoria Pública em relação à casa de detenção.

O juiz disse que os aspectos que mais o chocaram no trabalho dentro do presídio foram a falta de saneamento, o comando de facções e a necessidade da presença da Brigada Militar. O mutirão, que foi realizado desde o dia 10, terminou com menos de 5% dos processos de detentos com algum tipo de alteração em sua condenação. Entre as mais de 4 mil revisões, apenas 139 dos 2,2 mil presos provisórios ganharam liberdade condicional, e 39 condenações definitivas foram alteradas.

O Presídio Central
Construído em 1959 sem passar por reformas estruturais, o presídio possui pilares condenados em algumas galerias. “Ainda assim, metade dos detentos está nos locais de risco”, disse. O sistema de saneamento não existe por causa da tubulação deteriorada. De acordo com Buch, o esgoto dos banheiros dos andares superiores escorre pelas paredes e cai no pátio de visitantes e de banho de sol.

* Com informações do repórter Marcos Koboldt da Rádio Guaíba

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