sexta-feira, 19 de julho de 2013

Homicídios contra jovens triplicam em 30 anos

Taxa de assassinato de pessoas entre 14 e 25 anos é o dobro da média geral da população. Entre as 100 cidades mais violentas, 10 são do Paraná
 Nos últimos 30 anos, o índice de homicídios contra jovens entre 14 e 25 anos cresceu 326% no Brasil. Passou de 4.327 casos em 1980 para 18.436 em 2011. Neste ano, das 46.920 mortes nessa faixa etária, 63,4% tiveram causas violentas. Na década de 1980, esse índice era de 30,2%. Os dados constam no relatório Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado ontem.
Segundo o levantamento, dez cidades do Paraná estão entre as cem com maiores índices de homicídios contra jovens. Entre as cidades mais violentas do estado, cinco concentram-se na Região Metropolitana de Curitiba (veja infográfico).Piraquara lidera o ranking estadual, o que coloca a cidade como a 28.ª com maior índice de assassinatos contra pessoas entre 14 e 25 anos do país. Segundo o estudo, para cada 100 mil jovens do município 165,6 são vítimas da violência.
Sarandi, no Norte do estado, ocupa a 31.ª posição. Em seguida, aparecem Foz do Iguaçu (Oeste) e Fazenda Rio Grande (RMC), nas 35.ª e 45.ª colocações, respectivamente. O levantamento registra ainda que a taxa nacional de assassinatos de jovens é praticamente o dobro da população total. Ou seja, para cada 100 mil jovens 53,4 morrem assassinados contra 27,1 a cada 100 mil na média geral.
Políticas públicas
Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, Olympio de Sá Sotto Maior, a falta de políticas públicas contribui para que os índices de violência sejam altos contra os jovens. “Muitos jovens ainda não têm acesso a um sistema de educação e a programas que estimulem uma iniciação profissional”, afirma.
Ele ressalta ainda que com a ausência do Estado, o jovem fica exposto à violência social. “As famílias, muitas vezes, são desestruturadas. A droga e o álcool são de fácil acesso. Falta a presença do Estado para criar centros de educação profissional, de cultura e esporte nessas localidades”, analisa Sotto Maior.
Chacina
O autor do mapa, o sociólo Julio Jacobo, explica que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de crescimento nacional. “Houve uma descentralização econômica, mas sem o aparato estatal, como o de segurança pública”, salienta.
Jacobo compara os dados com a Chacina da Candelária, em 1993, quando policiais abriram fogo contra crianças que dormiam no entorno da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Morrerem oito crianças e adolescentes entre 11 e 19 anos de idade. “É como se fossem 51 chacinas da Candelária por dia”, ressalta.
 Década
Violência nas capitais caiu 17% em média; em Curitiba, cresceu 63%
De 2001 a 2011, a média das taxas de assassinatos juvenis nas capitais do país caiu 16,8%. Porém, diversas cidades registraram altas significativas. “Os níveis de violência que ceifam a juventude das capitais chegam, em diversos estados, a limites absurdos”, aponta o Mapa da Violência. Em Maceió, por exemplo, a marca chegou a 288 homicídios por 100 mil jovens e em João Pessoa, a taxa foi de 215 no ano de 2011. Entre as capitais das regiões Sul e Sudeste, Curitiba foi a que apresentou a maior alta entre 2001 e 2011. A capital paranaense registrou aumento de 63,1% – passando de uma taxa de 56,8 assassinatos a cada 100 mil jovens para 92,6 por 100 mil. A capital com os menores índices de violência contra a juventude é São Paulo, com uma taxa de 20,1 homicídios por 100 mil jovens.
Mortes raciais
O número de homicídios de jovens brancos caiu de 6.596 em 2002 para 3.973 em 2011, com uma queda de 39,8%. Já as vítimas negras entre os jovens cresceram de 11.321 para 13.405, isto é, um aumento de 24,1%.
Estado
O Paraná é o estado da Região Sul com maior índice de assassinatos contra jovens de 14 a 25 anos. Em 2011, o índice para cada 100 mil jovens foi de 64,4. Já Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram, respectivamente, 22,3 e 35,8. A maior taxa foi diagnosticada em Alagoas; 156,4.

Fonte: DIEGO ANTONELLI - Gazeta do Povo

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