quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Direito nos EUA atravessa uma das suas maiores crises


A quantidade de recém-formados em direito que conseguem um emprego na área nos EUA é a menor dos últimos 25 anos. O maior escritório de advocacia dos EUA faliu em maio, e o diretor da Faculdade de Direito de Columbia publicou uma carta aberta aos alunos alertando para as dificuldades pós-diploma.
Os advogados americanos continuam a ter superpoderes e muito glamour nos filmes de Hollywood, mas a profissão atravessa uma das maiores crises de sua história no país.
Na década passada, cerca de 85% dos recém-formados conseguiam emprego na área. Em 2010, 68%. Da turma que se formou em junho de 2011, apenas 55% acharam colocação até nove meses depois da formatura.
A crise econômica iniciada em 2008 tem grande responsabilidade no desempenho do setor, que já sofria com o inflacionamento de bônus e salários de advogados após a fusão de grandes escritórios e com o achatamento do salário inicial para os novatos.
Sob corte de gastos, grandes empresas passaram a contar mais com seus próprios advogados ou a exigir valores cada vez menores ao recorrer aos escritórios no mercado.
Segundo pesquisa da Universidade Northwestern, 15 mil empregos nos maiores escritórios de advocacia desapareceram em quatro anos.
No final de maio, foi decretada a falência do maior escritório americano, Dewey LeBoeuf, que tinha 1.400 advogados e uma dívida de US$ 315 milhões.
No ano passado, o escritório Howrey, de Washington, com 500 advogados, também declarou falência.
Mas o número de recém-formados é de 43 mil por ano. Em 20 anos, 26 novas faculdades de direito foram abertas. Cerca de 90% desses recém-formados têm uma dívida de crédito estudantil acima de US$ 98 mil (R$ 197 mil). O desemprego amplia a possibilidade de calote --nos EUA, o total das dívidas com crédito estudantil chega a US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões).
"A faculdade de direito é muito lucrativa porque, em vários casos, só depende de professor e giz, e formamos muito mais gente do que nosso mercado de trabalho consegue absorver", disse à Folha o professor William Henderson, da Universidade Indiana, que fez um trabalho sobre a crise das faculdades com a American Bar Association, a OAB local.
"O negócio jurídico ainda movimenta quase US$ 400 bilhões neste país, mas ele não tem crescido, o que dificulta a entrada dos mais jovens", explica.
Mesmo na Universidade Columbia, uma das melhores do país, o baque foi sentido. Na turma de 2011, 74% dos alunos do segundo ano conseguiram estágio, contra 92% no ano anterior.
Em carta aberta aos alunos, o diretor do curso de direito de Columbia, David Schizer, diz que "nossos estudantes estão encarando um mercado apertado como nunca antes".

Editoria de Arte/Folhapress
RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK
Folha de São Paulo

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