terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dedo na ferida do bullying


Lee Hirsch, diretor do polêmico documentário norte-americano "Bullying", fala sobre o filme que dá voz a crianças e adolescentes vítimas do bullying.


O diretor Lee Hirsch
Depois de causar intensa polêmica nos EUA, o documentário Bullying chegou aos cinemas brasileiros em dezembro e deve sair em DVD em março. No filme, o diretor norte-americano Lee Hirsch acompanha vítimas de bullying escolar e reconstitui casos que terminaram com suicídios. Hirsch falou à Educação dias antes do lançamento no Brasil.
A escolha foi relacionada a experiências pessoais?
Sim, é uma história pessoal. Fui vítima de bullying na infância e quis dar voz a crianças e famílias que lidam com isso diariamente. Há muito silêncio e vergonha em torno do bullying e de suas vítimas. Os riscos são muito mais graves do que a maioria das pessoas imagina. Fiz o filme para acabar com o estigma social de que se trata apenas de "crianças agindo como crianças". As conse­quências são reais e terríveis.

Como encontrar pessoas dispostas a falar?
O processo foi difícil e exigiu muitas horas de pesquisa, encontros, e o desenvolvimento de relações em que as pessoas confiavam em nossa equipe para permitir que documentássemos as suas vidas. É preciso ter muita coragem para encarar a câmera e autorizar o mundo a observar a sua vida, especialmente no que diz respeito a um assunto tão delicado. Sou muito agradecido a todos os que nos deixaram entrar em suas vidas.

Você acredita que o filme contribuiu para intensificar o debate sobre bullying nos EUA?
Lentamente, o bullying vem ocupando espaço cada vez maior nos EUA, à medida que a sociedade começou a perceber as suas implicações bem concretas. Acredito que o filme tenha ajudado nessa tendência, destacando a relevância do tema, especialmente depois de toda a publicidade que recebeu com a divulgação da MPAA Rating [classificação indicativa dos EUA, que o considerou impróprio para menores de 13 anos; no Brasil, ela foi de 12 anos]. Quando Bullying estreou, lançamos também uma campanha de ação social com o objetivo de garantir que ao menos um milhão de crianças assistisse ao filme, nos EUA e no exterior. Não queríamos que sua mensagem desaparecesse quando ele saísse de cartaz.

O que o público brasileiro pode aprender com a sua abordagem do tema?
O assunto é universal. Muitas pessoas podem relacioná-lo a experiências pes­soais na infância, ou da vida adulta. Não importa o idioma que fale ou o país onde resida. As ações que o público conhece em Bullying falam ao espírito humano em relação ao que estamos dispostos a aguentar, e também a ajudar e a testemunhar.

Assista ao trailer do documentário Bullying:


Revista Educação. UOL.

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